Diante da ameaça iminente de embargo, após a Operação Trapaça, o Ministério da Agricultura brasileiro resolveu se antecipar. Declarou autoembargo a sete frigoríficos da BRF – um dos quais localizado em Serafina Corrêa, no Rio Grande do Sul. Estão temporariamente impedidos de exportar para a União Europeia (UE). Nesta semana, o secretário de Defesa, Luís Rangel, estará em Bruxelas, apresentando argumentos técnicos ao bloco.
A avaliação é de que será mais fácil reverter essa medida do que desfazer eventual embargo do bloco. Essa linha de pensamento, no entanto, não é unânime.Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra tem visão diferente: a interdição preventiva também prejudica o setor. Rumores sobre suspensão por parte da UE eram fortes, mas não “havia fundamento para tomar nenhuma medida com base em fato novo”:
– Com o autoembargo, esse produto tem de ser redirecionado para outro mercado, em momento difícil, em que custos em alta e preços dos produtos em queda.
Turra foi comunicado pelo ministro Blairo Maggi, por telefone, sobre a decisão da pasta. Logo após o anúncio oficial da suspensão das plantas, a ABPA emitiu nota na qual afirmou que o Brasil “não pode ceder às ameaças que colocam em risco milhares de empregos e as empresas do setor”. O comunicado acrescenta que a indústria da proteína animal “gera 4,1 milhões de empregos diretos e indiretos”. A entidade pede celeridade na solução do problema, a fim de evitar impactos maiores.
– Eles irão para esse encontro em Bruxelas com todos os dados técnicos, para desfazer qualquer dúvida. Em poucos dias, querem ter de volta as plantas desabilitadas por iniciativa brasileira – afirma Turra.
A partir do encontro com a UE será possível saber se a estratégia do ministério deu certo ou se foi um tiro no pé.