Antes do início oficial da colheita de arroz no Rio Grande do Sul será possível saber se os leilões do produto surtiram o efeito desejado de segurar o preço do cereal. A medida era um dos pedidos de produtores e entidades, preocupados com a crise do setor. A definição dos prêmios sai nesta terça-feira e a venda, na quinta-feira.
Quando as autoridades subirem nas colheitadeiras na área da Estação Experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), em Cachoeirinha, para a cerimônia da 28ª Abertura Oficial da Colheita, na sexta, já será possível saber se a estratégia deu certo. Nesta primeira rodada, serão 300 mil toneladas – metade em Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) e metade em Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro).
–Há expectativa de que o mecanismo possa auxiliar. Não lembro de outra safra em que o governo entrou com medidas como essa antes mesmo da colheita – afirma Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz).
A prontidão em realizar os leilões também revela o tamanho do problema dos arrozeiros. Com custos superiores a R$ 40 e preço mínimo de R$ 36,01, eles têm uma conta que não fecha.
– O governo sabe da gravidade que está vivendo a lavoura de arroz – avalia Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do RS (Farsul).
Devem ser liberados R$ 100 milhões para leilões,que ajudariam a enxugar cerca de 1,2 milhão de toneladas do estoque. Também são solicitadas aquisições do governo federal para mais 300 mil toneladas.Além do preço, o endividamento agrícola preocupa e foi tema nesta segunda-feira de reunião na Farsul. Boa parte dos produtores está fora do sistema de crédito oficial – fala-se em até 70% do total.
Um dos coordenadores do movimento Te Mexe, Arrozeiro, Juarez Petry garante que o setor está indo para a abertura da colheita com "discurso afinado".
Presença confirmada no evento, o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, diz que o que há de concreto são os mecanismos para garantia de preço.