Na busca por não deixar o preço do arroz despencar ainda mais com o início da safra, a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura confirmou nesta terça-feira (30) realização de leilões de Prêmio para o Escoamento de Produto (PEP) e Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro). A primeira operação, entre 250 mil e 500 mil toneladas, está prevista para 23 de fevereiro.
O anúncio atende grande parte do pleito levado a Brasília nesta terça (30) por Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). As entidades pediam 1,2 milhão de toneladas de PEP e Pepro para exportação, mais Aquisições do Governo Federal (AGF) de 200 mil toneladas, que ainda será analisada pelo governo. PEP e Pepro têm garantidos R$ 100 milhões e, segundo a Farsul, são suficientes para o total de 1,2 milhão de toneladas, conforme novos leilões sejam oficializados.
Apesar do anúncio desta terça, segue a inquietação no Interior. Insatisfeitos com os resultados das reivindicações da categoria levadas pelas entidades do setor, produtores do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná fazem hoje mobilização em Restinga Seca, região central do Estado, para definir pautas prioritárias. São esperadas mais de 2 mil pessoas, reunidas pelo movimento ressurgido "Te mexe, arrozeiro". A agonia é acentuada pelos preços abaixo do custo de produção em plena entressafra.
O presidente da Associação dos Arrozeiros de Restinga Seca, André Tonetto, avalia que prorrogação de dívidas, entrada de arroz do Paraguai, cobrança do Funrural e preços são alguns dos temas mais urgentes.
– Cada região discutiu as suas pautas e vamos alinhar para ver quais são as prioridades da classe – diz Tonetto.
Entre os alvos do movimento está a Federarroz. A Farsul também não passa incólume às críticas. A bancada ruralista, entende Tonetto, até tem bons projetos, mas parece faltar força política para garantir resultados.
– Essa notícia (do PEP e Pepro) não nasceu ontem. Trabalhamos para chegarmos aqui. Evidentemente, não conseguimos tudo. Mas estamos agindo para evitar o caos – rebate o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, alegando que agora era necessário tratar dos problemas de curto prazo, enquanto seguem negociando questões mais complexas, como o endividamento.