Interessante artigo de pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) publicado na edição de fim de semana do caderno Campo e Lavoura mostra uma situação curiosa no Estado. A crise no leite também pressiona a pecuária de corte. Foi observado que a diferença da cotação do boi gordo para a vaca mais do que dobrou em um ano. Os preços das fêmeas em queda mais acentuada não são causados apenas pelo maior abate de ventres devido à retração do valor do terneiro. Parte da explicação está na maior oferta de vacas leiteiras descartadas e encaminhadas para abate neste início de ano, resultado da baixa remuneração do litro – redução de 18% em um ano.
– É o que os nossos colaboradores estão notando. Janeiro é um período de maior oferta de pasto e fica mais fácil de engordar o animal. Se a conta entre o custo e o preço do leite não fecha, o criador descarta animais. Além disso, o início do ano é época de muita conta para pagar – explica Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador da área de pecuária de corte do Cepea.
A manutenção do quadro, avalia, é diretamente ligada à reação dos preços do leite. O que tende a acontecer ao longo do ano. Tanto pela redução da oferta como pelo aumento da demanda, conforme a economia for reagindo.
Em relação à pecuária de corte, Carvalho ressalta que, historicamente, o ciclo de preços de terneiros faz picos a cada seis anos, em média. O início do próximo período de alta, diz, pode ocorrer ainda em 2018, chegando ao auge entre 2019 e 2020.
– Quem tiver planejamento e conseguir segurar matrizes pode surfar neste novo ciclo logo mais à frente – avisa o pesquisador.