A celeuma sobre a exportação de gado vivo teve como epicentro o porto de Santos (SP), mas o tema merece especial atenção no Rio Grande do Sul. Afinal, o Estado é o segundo que mais embarca carga em pé, atrás apenas do Pará. A grande demanda, especialmente da Turquia, garante aos produtores de terneiros remuneração melhor em uma época de mercado interno fraco.
Por sua importância cada vez maior, é um negócio que não pode ser ameaçado pela desinformação. Mas não significa que a atividade não deva ser regulada e fiscalizada à exaustão. Não existiam os maus-tratos alegados pela ONG que conseguiu temporariamente impedir na Justiça a partida de um navio carregado com 27 mil animais. A determinação de desembarque do gado e retorno às propriedades, depois revertida, era inexequível por questões logísticas e sanitárias.
Mas operações do gênero não estão imunes a problemas. Em 2015, por exemplo, uma embarcação que partia do Pará com 5 mil cabeças vendidas pelo Minerva (o mesmo do caso de Santos) naufragou. As imagens mostravam o desespero dos animais e, depois, centenas de carcaças nas praias.
O porto de Rio Grande passou a dar mais atenção a este tipo de embarque. Navios têm de comprovar que os currais estão limpos e há provisões necessárias à viagem. O ordenamento federal já determina a garantia do bem-estar animal, com a existência de alimentação, água, ventilação e espaços adequados. E que cliente gostaria de receber animais em estado precário? A carga pode, inclusive, ser rejeitada.
Por fim, a proibição da exportação em todo o país também caiu. A resolução rápida do caso também não arranhou a imagem nacional, em uma época em que o tema também é usado como barreira não tarifária. Há aperfeiçoamentos em discussão no Ministério da Agricultura. Se toda a crise traz ensinamentos, talvez esta também sirva para que se aprimore, se dê transparência e se conheça melhor mais um nicho de mercado em que o Brasil ganha cada vez mais espaço.