Aos poucos, o quadro real das lavouras começa a aparecer nos levantamentos oficiais sobre a safra de grãos. As estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o Estado, divulgadas ontem, indicam que a produção de milho é agora estimada em 4,74 milhões de toneladas.
São cerca de 500 mil toneladas a menos do que o esperado há um mês, quando pelas regiões produtoras já eram nítidos os estragos causados pela falta de chuva entre o final de novembro e o início de janeiro. Foi a única cultura com revisão significativa das projeções de colheita.
A produtividade das lavouras de milho, que era projetada em 7,2 toneladas por hectare no início de janeiro, foi reduzida para 6,5 mil toneladas. Mas nada drástico. Afinal, o ciclo anterior, com chuva sempre na hora certa, é que foi fora da curva e fez o Estado alcançar o alto rendimento de 7,5 toneladas por hectare.
O agrônomo Carlos Roberto Bestétti, assistente da superintendência da Conab no RS, admite que o próximo levantamento pode mostrar prejuízos ainda maiores.
– O número tende a ser menor – reconhece o agrônomo.
O presidente da Associação de Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho-RS), Ricardo Meneghetti, aposta que os números serão revisados ainda mais para baixo no próximo mês.
– Creio em algo como 300 mil e 400 mil toneladas a menos – avalia Meneghetti.
Para o dirigente, nem será a perda de rendimento pelo clima que fará a colheita do Rio Grande do Sul ser menor. A diferença deve vir da constatação de que a área cultivada, estimada pela Conab em 728,4 mil hectares, é na realidade bem menor, de cerca de 650 mil hectares. O principal indicador é a venda de sementes para a safra atual, diz o dirigente.
A Conab reduziu ainda a projeção para a safra no país,
de 92,3 milhões para 88 milhões de toneladas. A menor oferta deve ajudar a recuperação preços, diz Meneghetti. De acordo com a Emater, o preço médio no Estado é de R$ 27. A esperança é de que as cotações se firmem acima dos R$ 32 ainda em fevereiro.