A liminar concedida pela Justiça Federal em São Paulo na sexta-feira à noite proibindo a exportação de gado vivo em todo o país, se mantida, afeta diretamente os negócios no Rio Grande do Sul. O caso começou com a retenção de 27 mil animais que estão em um navio no porto de Santos. A Advocacia-Geral da União conseguiu na noite deste domingo, no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), liberar a embarcação para seguir viagem para a Turquia, mas a decisão não refere a proibição de novos embarques.
De acordo com a Associação Brasileira dos Exportadores de Animais Vivos (Abreav), pelo menos mais três navios deveriam zarpar do Brasil nos próximos 20 dias, carregando 20 mil cabeças. Um deles de Rio Grande, onde há 10 dias foram embarcados 7 mil terneiros. O Estado é o segundo maior exportador de gado vivo, atrás apenas do Pará. Ano passado, foram 85,3 mil cabeças, recorde e quase o dobro de 2016. A Turquia foi o único destino.
A interrupção da viagem em Santos foi motivada por ação da ONG Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, que alegou maus-tratos ao gado vendido pelo grupo Minerva a importadores turcos. A polêmica atravessou o fim de semana.
— Exportamos há 20 anos e só agora isso começa a ser questionado. A legislação brasileira segue normas internacionais e é regulamentada pelo Ministério da Agricultura — diz o presidente da Abreav, Ricardo Barbosa, que afirma ser regra nas embarcações água fresca, alimentação, espaço adequado e cuidados veterinários para os animais.
A Abreav vai tentar cassar a liminar que impede novas exportações. Na decisão da noites deste domingo, o desembargador Fábio Prieto, do TRF3, sustentou que o desembarque do gado era inviável e causaria mais sofrimento aos animais.
Entusiasta da exportação de gado em pé, a Associação Brasileira de Angus (ABA) se posicionou contra a paralisação dos embarques. O negócio é visto como oportunidade de melhor remuneração enquanto o mercado interno está em baixa.
— A exportação tem balizado o preço do terneiro no RS. Conseguimos de R$ 6,50 (o quilo vivo) para cima. Sem exportação, cai para R$ 5 — alerta o presidente da ABA, José Roberto Pires Weber, que também cita a necessidade de defender o livre comércio.
Na busca por garantir o suprimento, exportadores adiantam a produtores o valor equivalente a 100 quilos por terneiro. O restante é pago no embarque, de acordo com a diferença de peso.