Diante da safra histórica colhida no Rio Grande do Sul, o efeito positivo sobre a economia gaúcha era mais do que esperado. Os números apresentados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) comprovam isso. Embalado pela supersafra, o Estado teve no segundo trimestre deste ano crescimento no PIB de 2,5%, superior ao registrado no país em igual período, 0,3%, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. E o melhor desempenho desde o início de 2014.
Diferentemente do Brasil, que sente o peso da safra nos primeiros três meses do ano, o Estado vê o maior reflexo da produção no segundo trimestre, por conta das diferenças no calendário da colheita. Neste ano, há dois detalhes interessantes.
O primeiro, é o fato de que o PIB agropecuário nacional cresceu no segundo trimestre mais do que o gaúcha — 14,9% e 7,9%, respectivamente. A explicação está nas diferentes bases de comparação. O país teve em 2016 quebra na safra em decorrência da falta de chuva. O Rio Grande do Sul, não. Com exceção de perdas no arroz (em razão do excesso de precipitações), colheu uma safra cheia. Considerando isso, nada mais natural do que o Brasil ter avanço maior.
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— O Estado está crescendo em uma base mais real — observa Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
O segundo detalhe é que foi nos pagos gaúchos que a agricultura teve maior impacto sobre a economia. O campo extrapolou seus limites e "contaminou" positivamente outros setores, como a indústria, que no país teve queda de -2,1% e no Estado, de -0,3%.
— A safra tem um efeito de transbordamento, e quanto mais integrada a economia na agricultura, maior será esse efeito — explica Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
É o caso do Rio Grande do Sul, onde a indústria depende mais da agricultura do que no Brasil. Ou seja, a safra recorde colhida nos campos espraiou seus resultados positivos para outros segmentos com maior intensidade no Estado.
Para Luz, o PIB agropecuário no país deve fechar o ano com aumento de dois dígitos. No Estado, o desempenho deve ser igual ou um pouco maior do que o chinês. O economista reforça, no entanto, que PIB e renda são grandezas diferentes. Mesmo com efeito tão positivo na geração de riquezas, o volume histórico colhido não foi suficiente para trazer renda ao produtor.