A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

A cobrança pela renegociação das dívidas rurais deu o tom da abertura da 45ª Expoleite e da 18ª Fenasul, nesta quarta-feira (14), no parque Assis Brasil, em Esteio.
A cerimônia marcou a retomada do maior evento leiteiro do Rio Grande do Sul após a enchente. Ambas as feiras, que, tradicionalmente, ocorrem de forma simultânea, tiveram de ser canceladas em 2024 devido à catástrofe climática. A pressão pela renegociação, direcionada ao governo federal, foi feita pelo governo do Estado e por entidades representativas do agronegócio gaúcho.
— Nós estamos aqui mostrando que o setor quer continuar. Não é uma demonstração de que está tudo bonito, de que aqui é apenas uma festa — salientou o secretário estadual de Agricultura, Edivilson Brum, que, na sequência, reivindicou medidas ao Planalto.
Presente na ocasião, o governador em exercício, Gabriel Souza, também cobrou ações e manifestou preocupação com relação ao que chamou de "ausência de respostas" por parte do governo federal:
— Se é verdade que o Rio Grande do Sul sofre mais com a mudança climática que os demais Estados brasileiros, então também é verdade que nós precisamos ter um tratamento especial.
Presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) e da Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação (Febrac), Marcos Tang fez coro:
— A maioria dos produtores de leite está renegociando dívidas direto nos bancos, com as condições da instituição.
O governo federal já sinalizou que a renegociação dos passivos acumulados por problemas climáticos não virá para todos os produtores. Além disso, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também descartou à coluna a possibilidade de uma securitização, reivindicada pelo setor produtivo, que seria uma prorrogação mais longa do pagamento das dívidas.
Já a prorrogação dos vencimentos de financiamentos contratados, aguarda autorização do Conselho Monetário Nacional (CMN). Procurado, o Ministério da Fazenda afirmou que não irá se manifestar sobre o assunto.