A colheita frustrada por fatores climáticos nas duas últimas safras leva à expectativa de mais uma redução na área de trigo no Rio Grande do Sul neste ano, mas o cenário ainda pode ser revertido. A projeção, até agora, é de que a principal cultura de inverno do Estado ocupe cerca de 800 mil hectares, 12% abaixo de 2015, estima o presidente da Comissão do Trigo da Farsul, Hamilton Jardim. Mas há chance de o vilão se transformar em aliado em 2016. A possibilidade de neutralidade no clima até meados do ano, depois tendendo para o La Niña, pode ser um fator a fazer os produtores repensarem o corte de área. Soma-se a isso o bom rendimento da safra de verão.
– O produtor deve se capitalizar com a colheita de soja e, sempre que isso ocorre, ele investe no plantio da safra seguinte. Com a perspectiva de um clima favorável, podemos ter uma reversão dessa tendência de redução de área – pondera Jardim, lembrando ainda que, se o tempo ajudar, sem excesso de chuva ou geada no final do ciclo, a tendência é de o grão ter melhor qualidade e remunerar mais os agricultores.
A decepção com a safra 2015, com reflexos na qualidade do grão, também afeta os moinhos gaúchos. Dois anos atrás, o Estado moeu 1,75 milhão de toneladas. Em 2016, será difícil de chegar a 1,5 milhão, avalia Andreas Elter, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo do Rio Grande do Sul (Sinditrigo-RS).
– Enviamos 40% da farinha que produzimos para fora do Estado. Mas o trigo gaúcho ficou muito fora do padrão e perdemos competitividade para o Paraná – lamenta Elter.
Com a oferta reduzida, a saída é buscar trigo no Paraná ou Mercosul. Mas do Paraguai, por exemplo, chega aos moinhos entre 5% e 15% mais caro em relação ao grão gaúcho, compara Elter.