Mesmo após a enchente, está mantido o plano de construir o bairro planejado de 50 hectares perto do aeroporto Salgado Filho, na Avenida Jorge Benjamin Eckert, em Porto Alegre. As obras do Camino começariam agora em 2024, mas a cheia e o juro alto adiaram o início para 2025, informa a Phorbis, fundo de investimentos especializado em mercado imobiliário. São feitas negociações com empresas interessadas em construir os prédios residenciais.
— Nesta semana, nos reunimos com uma empresa de Maringá (PR). Também temos conversado com incorporadoras gaúchas. Vai acontecer. Não desistimos. A área parada me custa, com IPTU, corte de grama, segurança... Ficar procrastinando não é positivo — diz o diretor da Phorbis, Mathias Kisslinger Rodrigues.
— O juro não afeta tanto o custeio da obra, mas o comprador de apartamento está atendo às taxas. O Banco Central anunciou que vai subir ainda mais. Não é bom momento para lançar empreendimento para público que precisa de financiamento — completa.
O terreno, comprado na década de 1980, fica em uma área atingida pela cheia, mas a água não chegou às quadras onde serão construídos os prédios, que ficam em uma parte mais alta. No entanto, são feitos ajustes no projeto para prevenção. Uma parte de 15 hectares já recebeu ruas, praças e áreas de preservação. Já foram investidos R$ 100 milhões.
Para o início da obra, foi escolhida uma quadra de 80 mil metros quadrados que terá prédios residenciais e comerciais. Serão apartamentos de 60 a 80 metros quadrados. A intenção, agora, é começar os trabalhos no segundo semestre de 2025. Os projetos de outras seis quadradas, com diferentes tamanhos, ainda estão sendo elaborados.
— Estamos conversando com a prefeitura para que, eventualmente, algumas contrapartidas sejam convertidas em investimento de proteção contra enchentes, como melhoria de casas de bombas ou colocar um gerador. Tudo está sendo dialogado — diz o empresário.
Segundo o executivo, como o terreno é grande e a obra será feita ao longo de 15 anos, não há como estimar o investimento total, mas o alvo é atingir R$ 5 bilhões em vendas. São estimados 20 mil moradores e 40 mil pessoas circulando quando estiver finalizada. O foco será na classe média. O espaço terá diversos prédios residenciais e comerciais. Estão previstos um supermercado, uma escola, restaurantes, bares, negócios de tecnologia, entre outros.
O Camino pretende ter todos os cabos subterrâneos, evitando emaranhados de fios que dominam postos de Porto Alegre. Para isso, aguarda uma autorização da CEEE Equatorial, mas ainda não conseguiu.
— Já temos as redes elétricas aéreas. Queremos colocá-las para o subsolo. Esse processo também está atrasado. Não impede de seguirmos o projeto. Energia tem, mas temos todo um paisagismo para fazer, e essa rede subterrânea está ligada a isso — completa Rodrigues.
Já com a licença da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), o projeto é do escritório José de Barros Lima, em conjunto com Roberto Linhares e David Herbert. O empreendimento é certificado com o selo LEED for Communities nível Platinum.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: cidade de data centers, supermercado estreia no Litoral, 1,5 mil m2 de piscinas e mais
É assinante mas ainda não recebe a carta semanal exclusiva da Giane Guerra? Clique aqui e se inscreva.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna