Durou pouco a alegria com a inflação brasileira abaixo do previsto para março. Logo que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saiu, segurado pela desaceleração dos alimentos e da gasolina, o dólar caiu e o índice da bolsa de valores subiu. O movimento, porém, não se sustentou nem por uma hora na manhã desta quarta-feira (10). Em seguida, a inflação dos Estados Unidos veio bem acima do projetado e jogou um balde de água fria no mercado financeiro.
Com a desinflação mais difícil na maior economia do mundo, o corte do juro norte-americano acaba sendo adiado. Isso mantém aquele mercado mais atrativo para os dólares dos investidores, que vêm menos para o Brasil, provocando alta da moeda e desvalorização do real. Mais de R$ 20 bilhões em capital estrangeiro — chamado, carinhosamente, de "dinheiro dos gringos" — escoaram da bolsa brasileira no primeiro trimestre.
Para manter o controle da inflação, isso dificulta a decisão do Banco Central daqui de manter o corte de juro em 0,5 ponto percentual e de prolongá-lo. Na última reunião, ele já deixou garantida somente mais uma redução da taxa de juro Selic nesta magnitude.
O resultado foi que o dólar aqui voltou a subir, cada vez mais acima dos R$ 5, e o Ibovespa caiu. Redução do juro é ponto essencial para retomada de empresas, com mais investimento e consumo, além de redução da inadimplência do consumidor, que se reaproxima do recorde.
Deflação gaúcha
A região metropolitana de Porto Alegre foi a única entre as pesquisadas que teve deflação. Outras até tiveram recuo da sua inflação, como na média nacional (+0,16%), mas apenas aqui o índice foi negativo, de -0,13%. Aqui, além da desaceleração nos alimentos, o preço da gasolina chegou a cair.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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