A necessidade da Alemanha de insumos que o Brasil tem em abundância e a chance de sermos o país parceiro da maior feira industrial da Europa foram temas da conversa da coluna, em Hannover, com o Embaixador do Brasil na Alemanha, Roberto Jaguaribe. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
Quando conversamos da última vez aqui na Alemanha, o senhor falou que o Brasil negociava para não ser só fornecedor de matéria-prima ao país, mas que a ideia era atrair mais fábricas e partes da cadeia produtiva, que gerem empregos e impostos localmente. Avançou algo?
É um processo de amadurecimento. Tivemos no final do ano passado a visita do presidente Lula com 12 ministros de Estado. Foi uma reunião muito intensa, na qual esses assuntos foram abordados. A reunião de economia ocorrerá agora em setembro. Enquanto isso, fazemos peregrinação pelas empresas alemãs, que precisam de energia e de mineração. Pretendem se desvincular de excessos de importação de regiões específicas.
Querem diversificar, isso?
Isso. Botar todos os ovos em uma cesta, muitas vezes, não funciona bem. Mas continuamos sobejamente convencidos de que não faz sentido, nem ambiental, nem econômico-comercial ou de competitividade, você exportar matéria-prima e energia para produzir no lugar que depois terá que exportar de novo para outros o produto final industrializado. É simplesmente ver as coisas com clareza. Não tenho a menor dúvida de que esse processo é irreversível. É uma coisa muito óbvia.
Quais segmentos e empresas teriam mais potencial de entrada?
Não falarei de empresas, porque isso é um processo individual difícil, mas segmentos é fácil. Primeiro, o setor de metalurgia. O Brasil tem condições de produzir aço verde extremamente competitivo e barato. Tem minério e energia renovável. A indústria petroquímica é outra que demanda muita energia. Então, existem várias áreas onde essas coisas vão se dar necessariamente. Pode tardar um pouco ou menos. Quem vier na frente vai ficar melhor. Neste ano, vamos realizar a 50ª sessão da nossa comissão mista econômica e a 40ª do encontro empresarial. Deveria ter sido um pouco antes, mas será em setembro e será a oportunidade para dar continuidade a isso.
E qual a chance de o Brasil ser parceiro da Hannover Messe?
São vários elementos. É de longe a feira mais importante do mundo. Dá uma visibilidade muito grande, é um local de congregação de várias pessoas do mundo inteiro, portanto, o país que está em destaque tem muita proeminência, mas é um convite que implica em muitos custos. Se fosse apenas um convite, a fila estava grande. Mas a fila está vazia. Por quê? Porque tem muito dinheiro envolvido. É preciso ver a relação custo-benefício e quem pode bancar essa conta, o que está sendo analisado no governo federal junto com os alemães, que eu acho que vão se interessar muito pela presença brasileira. Vamos ver se conseguimos encontrar uma solução.
Ouça a entrevista na íntegra:
* A coluna viajou a Hannover a convite da Fiergs.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@diariogaucho.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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