Foi encerrado formalmente pela Justiça o processo de recuperação judicial do Grupo Paquetá, que começou em 2019 com dívida de R$ 428 milhões com 12.418 credores. A definição, porém, ocorreu pelo aporte de R$ 7,373 milhões pelos sócios após o juiz ter determinado o pagamento sob pena de ser decretada a falência da empresa, o que estava sendo requerido por credores, explica o administrador judicial Rafael Brizola Marques, representante do escritório Brizola e Japur Administração Judicial. O valor cobre dívidas vencidas nos dois anos após a concessão da recuperação judicial.
- O prazo terminou em agosto. Já há dívidas de depois não pagas. O que foi encerrada foi a fiscalização judicial. A recuperação segue agora fora do Judiciário. Credores terão que ingressar com ação. Desde o início da execução do plano, a empresa pagou cerca de R$ 50 milhões - acrescenta Marques.
Os desafios da Paquetá são grandes, como fábricas paradas, contratos travados e dificuldade de obter crédito. A importância econômica do grupo, porém, é tão grande quanto. A sede segue em Sapiranga e a empresa, apesar do forte enxugamento, ainda emprega 6 mil pessoas. O cenário foi, inclusive, citado pelo juiz Alexandre Kosby Boeira na decisão:
"Não se está a olvidar das dificuldades que a recuperanda suportará ao voltar a atuar no mercado, sendo impensável supor que possa recuperar em breve período a mesma relevância de outrora ou ocupar a mesma fatia que detinha no mercado calçadista antes da crise suportada. Para fins de superar a crise, a sociedade alienou grande parte de seu ativo não circulante, desfez-se da operação de varejo e ingressou em litígio com grande parcela de parceiros estratégicos do seu negócio. A Paquetá que sai do seu processo de recuperação judicial não é a mesma que nele ingressou."
No trecho, ele lista a venda das lojas Gaston e Paquetá, que foram assumidas pela Oscar Calçados, de São Paulo. A negociação atingiu R$ 90 milhões. Ficaram com o Grupo Paquetá as fábricas e a parte logística.
A empresa está analisando os próximos passos e, por enquanto, não irá se manifestar. Há a possibilidade de pedir uma nova recuperação, que pode ser extrajudicial. Fontes que acompanham o processo entendem que, com esse caminho, a Justiça poderia liberar mais ativos para venda, se voltaria a ter acesso a crédito e seriam retomados contratos com clientes para os quais as indústrias do grupo produz, o que inclui marcas famosas.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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