Cresce a apreensão entre funcionários da Paquetá com a proximidade do término do lay off, suspensão do contrato de trabalho feita por cinco meses. Mesmo sem o braço de varejo, vendido à Oscar Calçados, o grupo emprega 6 mil pessoas. No Rio Grande do Sul, ficam a sede administrativa, em Sapiranga, e uma área de logística. Já as quatro fábricas estão no Ceará e na Bahia. Os salários têm sido pagos como nos meses anteriores, divididos em duas parcelas e com algumas semanas de atraso, informa o secretário-geral do Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga, Leandro Santos.
A dúvida geral é se haverá produção para absorver a volta da mão de obra. Em recuperação judicial desde 2019, a indústria calçadista tem enfrentado dificuldade para ter acesso a crédito para operar. A venda da operação de varejo Paquetá e Gaston, como Unidade Produtiva Isolada (UPI), foi um passo importante na reestruturação. Agora, está sendo negociada a parte da Capodarte, outra marca da empresa, e já tem um interessado.
Além disso, a empresa busca o pagamento de R$ 16 milhões devidos pelo governo do Ceará a partir de um programa de incentivos que deixou de existir. O dinheiro destas duas opções seria usado para pagar dívidas da recuperação judicial (incluindo o passivo que ficou com o grupo), cumprindo o plano e, talvez, encerrando o processo.
É analisada ainda a possibilidade de pedir uma nova recuperação, que pode ser extrajudicial, para renegociar as dívidas contraídas desde o início do processo anterior. Fontes que acompanham o processo entendem que, com esse caminho, a Justiça poderia liberar mais ativos para venda, se voltaria a ter acesso a crédito e seriam retomados contratos com clientes para os quais as indústrias do grupo produz, o que inclui marcas famosas. A grande preocupação é com o impacto econômico e social caso a empresa venha a quebrar, a começar pelos empregos e pela arrecadação de impostos que gera, além dos fornecedores.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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