Enquanto a inflação está em 5,6% nos últimos 12 meses, as carnes estão, em média, com queda de 7,34% na região metropolitana de Porto Alegre. As reduções são ainda mais intensas nos cortes bovinos, principalmente paleta (-16%) e acém (-12%). Porém, suínos e frango também estão com preços menores. O IBGE registra alta apenas nos pescados.
No país, a deflação da carne supera dois dígitos e deve fechar 2023 neste patamar, preveem consultorias que acompanham preços para projetar inflação. Seria a maior queda desde o Plano Real, em 1994. Não apaga, porém, períodos de grandes elevações, como o aumento superior a 30% de 2019.
Coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da UFRGS, Júlio Barcellos, alerta, porém, para uma tendência de alta em 2024. Timidamente, com a queda de preço, o consumo começou a aumentar. Além disso, ocorre uma redução na produção de carne bovina pelos Estados Unidos, que atende mercados como Japão e Coreia do Sul.
O que está derrubando o preço da carne
- Crescimento nos abates aumentou a oferta no mercado. O Rio Grande do Sul tem recebido muita carne de outros Estados.
- Redução no custo de insumos após a disparada, especialmente ração e energia.
- Queda de 30% no faturamento das exportações de carne bovina à China.
- Redução global de preços, com consumo menor em países desenvolvidos que passaram a enfrentar inflação maior.
- Diretamente ligado à renda, o consumo de carne bovina despencou no país. O gaúcho, por exemplo, comeu, em 2022, 10 quilos a menos do que em 2018. Desde lá, o bolso sentiu a inflação e a crise econômica da pandemia.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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