O preço da carne bovina, que "derreteu" para o produtor, é um dos assuntos mais tratados na Expointer deste ano. A coluna conversou com duas autoridades no assunto durante o programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha:
Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira:
"Dependemos fundamentalmente da China, que depende de nós para se alimentar. Acontece que o lockdown lá está repercutindo agora nessa crise chinesa. A China praticamente não está comprando, ou compra um pouco e para. É um voo de galinha, levanta e cai. Isso repercutiu enormemente no mercado da pecuária de corte. Vendíamos, na pandemia, a arroba do boi a R$ 330 e, hoje, está abaixo de R$ 200. A crise na pecuária de corte talvez seja mais forte do que na leiteira, os preços vêm caindo semanalmente. E pior, ainda não vi essa repercussão para o consumidor, porque tu vai no supermercado e a carne ainda está com o preço parecido de lá atrás. Alguém tá ficando com a parte do leão."
Coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da UFRGS, Júlio Barcellos:
"Esta Expointer, após cinco anos, é a mais desafiadora para o produtor de carne. Com queda de preço, ele deixa de investir em tecnologias, o que diminui produção e, daqui um ou dois anos, quem paga a conta é o consumidor, porque teremos carnes com valores mais altos. É importante um equilíbrio entre os setores para evitar prejuízos no futuro. O Brasil precisa promover mais empregos e ter valores de salários mais elevados para melhorar o poder aquisitivo das pessoas. Mas o pecuarista também precisa organizar melhor a produção. Estamos com uma avalanche de carne no mercado, porque estimulamos muito a produção sem olhar para demanda. A Expointer passa mais por diálogo, acordos, procedimentos organizacionais, do que só demonstrarmos os belos animais."
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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