Depois de um início de ano terrível, o mercado imobiliário traz reações interessantes, tanto nos lançamentos de empreendimentos quanto já nos indicadores. Após, o tombo de 45% no primeiro trimestre de 2023, provocado pela incerteza das construtoras com os efeitos econômicos da troca no governo federal, o número de unidades levadas ao mercado do Rio Grande do Sul no segundo trimestre subiu mais de 13%, segundo a Brain Inteligência Estratégica. Ainda fica mais de 14% abaixo do mesmo patamar do ano passado, mas está, por exemplo, com desempenho bem melhor do que os vizinhos Santa Catarina e Paraná.
As vendas, porém, não tinham caído no primeiro trimestre, mas recuaram quase 13% no segundo em relação ao período imediatamente anterior. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, a diminuição é de 20%. Importante observar que trata-se de número de unidades e não do valor movimentado com a comercialização.
No Rio Grande do Sul, há 19 mil imóveis à venda. Mais de um terço são unidades econômicas do Minha Casa Minha Vida. A volta do programa tem sido uma aposta para dados bem melhores no segundo semestre, diz o sócio da Brain Guilherme Werner. Além disso, o crédito imobiliário tende a ficar mais acessível quando a redução da Selic chegar ao juro dos financiamentos, o que está previsto para meados de fevereiro de 2024. Um obstáculo ainda é a falta de "funding", ou seja, recurso da poupança que é usado para financiar a compra da casa própria.
Termômetro
A coluna costuma ser um termômetro do mercado, considerando a abertura e fechamentos de empresas que noticia. O início de 2023 foi, realmente, desértico de anúncios novos. Porém, os últimos dois meses estão com várias ampliações de indústrias e redes de varejo, mas especialmente lançamentos de projetos imobiliários, sejam eles residenciais ou comerciais. Foram mais de 15 prédios noticiados e, só na última semana, falamos de três resorts na serra gaúcha - do Hard Rock, do Grêmio e do Inter -, que somarão R$ 2 bilhões em investimentos.
Empregos
A construção movimenta com força a economia. Ela precisa de muitos fornecedores de materiais e de serviços, além de arrecadar impostos em várias esferas. Após a obra, aquece de imobiliárias a fábricas de móveis e panelas. Mas o principal são os empregos. No Rio Grande do Sul, 121,5 mil postos de trabalho com carteira assinada são na construção civil, de infraestrutura e nos serviços especializados. O número nem considera os trabalhadores por conta própria e os informais, que também são representativos no setor. Para se ter uma ideia, é 30% mais do que toda a agricultura e a pecuária gaúchas juntas.
Assista à entrevista na íntegra com o consultor Guilherme Werner:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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