Para evitar pegadinhas e acabar ainda mais enrolado nas dívidas, o consumidor deve ficar atento às propostas que os bancos apresentarão no Desenrola, programa que o governo federal antecipou em parte. Nesta primeira fase, não há limitação de juro e a renegociação será entre devedor e instituição financeira, sem o leilão da próxima etapa, quando haverá concorrência por melhores condições ao consumidor. Assim como nos tradicionais feirões de negociação, só prolongar parcelas sem reduzir juro deixa dívida ainda maior.
Para mais orientações, o programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, ouviu a coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, uma das economistas que mais entende de superendividamento e comportamento financeiro no país. Veja trechos abaixo e ouça a íntegra da entrevista no final da coluna.
Vale aderir aos mutirões de negociação?
A Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor, ligada ao Ministério da Justiça) vai fazer o trabalho com mutirões e eu espero que ela defina regras. Só serão bons para o consumidor se for levado em consideração qual é a sua capacidade de pagar a dívida.
Como verificar se a proposta do banco é boa mesmo?
Precisa priorizar as dívidas que impactam a sua vida, seu bem-estar em casa: conta de água, de luz, serviços essenciais. Quanto às dívidas bancárias, identificar quais são e, se possível, juntar todas e fazer um planejamento.
Como fazer a conta?
O consumidor não precisa saber fazer contas de matemática financeira. O Banco Central disponibiliza uma calculadora para fazer a simulação (Calculadora do Cidadão). Entra com o valor da dívida e quanto consegue pagar mensalmente, o sistema traz qual a taxa de juros possível. Tem quatro variáveis e permite fazer vários ensaios para chegar minimamente para uma mesa de acordo com o banco e falar "Ó, eu consigo pagar isso. Vi que essa taxa de juros não me atende". Sempre priorize o pagamento em menos parcelas possíveis para sair da situação.
E o planejamento de vida?
Saiba que é um momento que você vai precisar restringir algum consumo que não seja estritamente necessário. E, de preferência, evite crédito enquanto ainda está pagando dívidas.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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