Com a inadimplência recorde entre consumidores e a venda do varejo em queda, o governo federal antecipou uma parte do Desenrola para esta segunda-feira (17). Porém, o objetivo do programa ou de qualquer feira de renegociação de dívidas não deve ser "limpar o nome" do devedor, mas realmente tornar as dívidas do consumidor possíveis de serem pagas.
Apenas alongar o prazo não adianta se o juro for o mesmo incidindo por mais tempo e até aumentando o débito. Com nome limpo, muitos fazem mais contas e, depois, não conseguem pagá-las, voltando à inadimplência. Ao comércio, torna-se apenas um remédio paliativo. O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) já identificou que a segunda maior causa de inadimplência são exatamente dívidas renegociadas.
Nesta primeira etapa, a negociação será livre entre o devedor e o banco, que terá limites flexibilizados para injetar mais crédito no mercado. Então, atente-se se serão oferecidas vantagens reais. Na próxima fase, em setembro, será diferente: terá limitação de juro imposta pelo governo federal e será feito um leilão para ver qual instituição financeira fará proposta melhor.
O fato é que o Brasil tem 70 milhões de pessoas com o nome sujo. No Rio Grande do Sul, segundo a Serasa Experian, praticamente 40% dos adultos estão inadimplentes. Enquanto isso, a taxa média (estratosférica) do rotativo do cartão de crédito supera 420% ao ano.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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