A decisão de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano era esperada, mas o comunicado do Banco Central veio mais retrancado do que a expectativa, o que frustra. Mais até pela esperança de quem precisa de queda urgente de juro do que pela pressão pública do presidente Lula e da empresária Luiza Trajano, esperava-se o sinal de que o corte viria na reunião de agosto.
Em primeiro lugar, chama a atenção a frase que não apareceu. Após meses batendo ponto no documento, o Comitê de Política Monetária (Copom) retirou o trecho no qual dizia que não hesitaria em retomar o ciclo de altas caso a desinflação não ocorresse como esperado. Na última reunião, ele foi suavizado após críticas, com a ponderação de que não era o cenário provável. Em segundo lugar, o comunicado trouxe a defesa de "cautela e parcimônia" nas decisões de juro. Um olhar importante é que a inflação de 12 meses vai acelerar no segundo semestre, quando a comparação será com o período que teve deflação com o corte de impostos de 2022.
Sem entrar na entrelinha do comunicado, entidades empresariais dispararam comunicados já prontos sobre o "não corte do juro", com posicionamentos longe da unanimidade. Há a que entendeu como correta, outra lamentou, tem a que afirmou que representa riscos e a que se disse preocupada. No bastidor, os temos são mais contundentes ao falar do Banco Central: teimosia de um lado, "matou no peito" de outro.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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