Transição, diagnóstico de governo para Lula tomar decisões e, claro, teto de gastos foram temas da entrevista do economista Marcio Pochmann ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Nascido em Venâncio Aires, ele integra o grupo de transição e é diretor-presidente do Instituto Lula. Confira trechos abaixo e o áudio na íntegra no final da coluna.
O que espera do próximo governo na economia?
Nos últimos 30 anos, o Brasil se transformou em pronto-socorro, lidando com emergências. Elas precisam ser enfrentadas, mas qualquer país soberano pressupõe um horizonte para se dirigir. De 1930 à década 1980, o país queria se transformar em uma sociedade urbana, deixar de lado a antiga sociedade agrária, o analfabetismo, a fome. Tratar de um teto de gastos e da inflação é absolutamente necessário, mas não garante um horizonte, especialmente quando há deslocamento do centro dinâmico do mundo do ocidente para o oriente, emergência climática e ovanço digital.
Como tem sido a transição?
Temos três objetivos que constituem subsídios para o presidente Lula decidir como iniciar seu governo. O primeiro é um diagnóstico a respeito da administração pública federal. O segundo é identificar problemas que estabelecidos neste final de governo do presidente Bolsonaro e medidas que foram tomadas e que podem ser revogadas no Executivo, caso Lula tenha interesse em fazê-lo. E o terceiro objetivo é oferecer um desenho de como será constituída a administração pública. Há a intenção de organizar o Estado para ter maior intercâmbio com a sociedade. Com a unificação de vários ministérios em um, criando um super Ministério da Economia, ele perdeu funcionalidade e se distanciou. Entregamos um primeiro relatório, e até dia 15 vamos entregar um segundo. Possivelmente já teremos parte importante dos futuros ministros, o que abre uma nova conexão de como o governo será nos primeiros cem dias.
Já recebeu convite para integrar o governo?
Não. Estamos na transição. O presidente Lula informou que só se manifestará, a não ser que haja uma exceção, depois que for autorizado como presidente (diplomação está marcada para o dia 12).
É a favor do teto de gastos ou defende uma nova âncora fiscal?
O teto de gastos não funcionou até agora. O próprio governo Temer o furou. O governo Bolsonaro, em mais de R$ 800 bilhões. E agora tem a pressão para furá-lo por conta das dificuldades. Da maneira que foi constituído, se tornou uma irrealidade, precisa ser alterado. As condições para uma situação fiscal adequada podem ser resolvidas abaixo da Constituição, desde que haja responsabilidade de Legislativo e Executivo.
Ouça a entrevista na íntegra:
Colaborou Vitor Netto
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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