Dos indicadores de inflação, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) é o que mais resiste a ceder. O IPCA, índice oficial que mede preços ao consumidor, e o IGP-M, usado em contratos como o aluguel, estão girando perto dos 6% no acumulado de 12 meses, sendo que este último se aproximou de 40% no auge da pandemia. Enquanto isso, o INCC ainda fica perto dos 10%. Na última divulgação da Fundação Getulio Vargas (FGV), apontou 9,44%.
Os preços de materiais de construção, que dispararam do final de 2020 até o início de 2022, até andaram perdendo força, especialmente metais. e elétricos. Porém, o INCC tem um peso muito grande do custo da mão de obra, chegando a 60% do cálculo, explica o coordenador das pesquisas de preços da FGV, André Braz:
- Os salários têm resistência maior a desacelerar. Além disso, alguns materiais que são usados pela grande construção civil não tiveram queda forte de preços. Outros estão perdendo força porque o mercado mundial acaba sentindo o forte desaquecimento no setor imobiliário da China. Lá, a construção civil está cada dia pior. Tem gente parando de pagar devido aos atrasos na entrega de imóveis. Os preços do minério de ferro são os que mais sentem.
Diretor da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção e do Sindilojas, Felipe Sielichow confirma a queda significativa de preço de alguns produtos. Aqui, ele atribui à retirada da substituição tributária pelo governo do Estado.
A resistência do INCC prejudica quem está pagando financiamento de imóvel na planta. O índice é usado para reajustar o saldo devedor, com reflexo na parcela do empréstimo. Além do juro que depende de cada contrato de financiamento, a prestação do imóvel na planta é impactada pela correção monetária mensal pelo INCC. E, além dela, também reforços que são acordados para pagamento pelo comprador e até mesmo o valor da entrega das chaves. Outros indicadores passam a ser adotados quando a obra termina e o financiamento passa para uma instituição financeira.
Outro ponto importante é que a correção é feita em cima do valor reajustado antes, ou seja, temos uma bola de neve. Porém, cancelamentos de contratos também geram multas. Tente negociar o reajuste com a construtora antes de ficar inadimplente.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna
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