Remédio amargo contra a inflação, o juro alto deixa o crédito caro, inclusive os financiamentos imobiliários. Compradores sentem o aumento da prestação e do saldo devedor, que é a quantia ainda a ser paga ao banco ou à construtora. Para tirar dúvidas dos leitores, o programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, ouviu o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação, Vinícius Costa. Leia trechos abaixo e confira a íntegra da entrevista no final da coluna.
O que tem provocado aumento das prestações do financiamento imobiliário?
Temos modalidades que se diferenciam pela taxa de juro e pelo índice de correção do saldo devedor. Quem tem sentido esse aumento maior, provavelmente, tem o contrato com saldo devedor corrigido pelo IPCA (inflação oficial do país). Quando essa modalidade foi lançada, tínhamos um IPCA baixo, sendo melhor do que o modelo habitual de correção pela TR (taxa referencial).
Depois de muito tempo, a TR deixou de ficar zerada. Isso impacta os financiamentos?
A TR é índice de correção da poupança. É muito, muito baixo, perto de zero. Impacta, mas não tanto. Não pode ser considerada o grande vilão.
Tem como renegociar prestação que subiu demais?
Revisar contrato de financiamento hoje é complicado na esfera judicial. Temos praticamente todos os pontos que envolvem um contrato de financiamento habitacional pacificados nos tribunais. Mas isso não impede o mutuário de buscar ajuda, por exemplo, com um contador para averiguar se é cumprido o contrato. Ele analisa cláusula por cláusula, e legalidade da cláusula. Depois, pode buscar um advogado especialista em direito imobiliário para indicar se é possível uma revisão de contrato.
Para quem vai fazer um financiamento hoje, qual é o mais interessante?
Financiamentos vinculados à TR com uma taxa pré-fixada ou aqueles que já têm uma taxa pré-fixada sem correção do saldo devedor. É o mais indicado para empréstimos de longo prazo, que é a regra geral do brasileiro: 120, 200, 300 ou até 340 meses.
É um bom momento para financiar um imóvel ou é melhor esperar a Selic cair, o que está previsto para 2023?
O juro está elevado, o que diminui a capacidade de conseguir o financiamento, além de aumentar o saldo devedor e o valor da parcela. Quem não tem pressa de adquirir o imóvel pode esperar a redução, prevista para depois da eleição. Agora, quem tem necessidade imediata de compra tem que ter em mente que o juro está elevado e, caso caia lá na frente, não será aproveitado no seu contrato já assinado.
Está valendo pedir portabilidade para levar o financiamento imobiliário para outra instituição financeira?
Sempre é uma alternativa. Não tenho como dizer se efetivamente será vantajoso para todos. Normalmente, a Caixa Econômica Federal apresenta as melhores taxas, tanto que detém a maior fatia de contratos de financiamento habitacional. Mas o que facilita a portabilidade é a relação do mutuário com o banco. Se você tem, por exemplo, dinheiro investido, a tendência é de que consiga um juro menor.
Colaborou Vitor Netto
Ouça a entrevista completa:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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