Correção: Inicialmente, a Petrobras estimou aumento da gasolina ao consumidor de R$ 0,54. Ela corrigiu o cálculo, e o texto abaixo foi corrigido às 12h12 com R$ 0,44 projeção de ajuste.
Após 57 dias sem reajustes, a Petrobras aumentará os preços da gasolina e do diesel nas refinarias. Vale para as vendas às distribuidoras já a partir desta sexta-feira (11). Vieram percentuais altos, mas nem perto do quanto os combustíveis nas refinarias brasileiras estão defasados em relação ao Exterior. Ela chega a passar de 50%, dependendo da cotação do petróleo do dia. Considerando a política de preços de paridade internacional, há espaço para alta, mesmo que o bolso do consumidor não suporte mais.
Antes da guerra, a estatal segurava, no caso da gasolina, uma defasagem de até 15% no máximo sem mexer nos preços. Argumenta sempre que evita mexer em preços em tempos de volatilidade. Mas a situação vem se intensificando nos últimos dias. O petróleo saltou da casa dos US$ 80 para até US$ 139 (perto do recorde histórico), ficando atualmente na casa dos US$ 120.
Com alta de 18,77%, o preço médio da gasolina na Petrobras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da estatal no preço ao consumidor passará de R$ 2,37, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,44 por litro. Com isso, a gasolina voltará a ficar acima dos R$ 7 no Rio Grande do Sul, e, provavelmente, ficará bem acima deste patamar. O combustível havia recuado desde o início de janeiro, quando o ICMS voltou a ter alíquota menor de 25% no Estado.
Já no diesel, o aumento será de 24,93%. O preço nas refinarias passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 10% de biodiesel e 90% de diesel A para a composição do diesel vendido nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 3,25, em média, para R$ 4,06 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,81 por litro.
No comunicado enviado ao mercado nesta quinta-feira (10), a Petrobras admite que resolveu não repassar de imediato a volatilidade do mercado. O petróleo disparou desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. Até caiu mais de 13% ontem com a expectativa de alívio na guerra, mas voltou a subir com força hoje. A reunião entre os dois países terminou sem acordo, o que leva a crer que o problema irá continuar por tempo indeterminado.
"Após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras.", diz trecho do comunicado.
Fala ainda sobre as importações, que estavam travadas com os preços até 50% mais baixos (defasados) nas refinarias brasileiras. Além disso, como a coluna noticiou ainda na terça-feira (8), as vendas já estavam restritas por cotas limitadas e refinarias privadas vinham aumentando preços: Incerteza do petróleo já aumenta preços e limita cotas de combustíveis
"Adicionalmente, a redução na oferta global de produto, ocasionada pela restrição de acesso a derivados da Rússia, regularmente exportados para países do ocidente, faz com que seja necessária uma condição de equilíbrio econômico para que os agentes importadores tomem ação imediata, e obtenham sucesso na importação de produtos de forma a complementar o suprimento de combustíveis para o Brasil."
Além de gasolina e diesel, haverá aumento também do GLP (gás liquefeito de petróleo), que teve o último ajuste em outubro do ano passado. O preço médio de venda do GLP da Petrobras para as distribuidoras subirá de 16,06%, subindo de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg. É o equivalente a R$ 58,21 por 13 kg, refletindo reajuste médio de R$ 0,62 por kg.
O governo federal tem feito reuniões e estudos em busca de medidas para evitar aumentos tão mais intensos do que esse. Entre elas, está congelar preços, o que afetaria a Petrobras e precisa ser aprovado pelo conselho da estatal. Outra possibilidade, que está tramitando no Congresso, é criar um fundo de estabilização de preços para servir de colchão para tempos de forte alta. Porém, a dúvida é de onde viria esse recurso sem afetar as contas públicas. Para fechar, há a tentativa de mudar a aplicação do ICMS, o que tem contrariedade dos Estados, que afirmam que o imposto não é o vilão.
* Acompanhe mais informações
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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