A indústria de pães já está apavorada. O preço do trigo atingiu o maior patamar em 14 anos, com uma alta de 30% somente na última semana. A cotação no mercado internacional já vinha subindo com recordes de preços cobrados pela Argentina. Agora, piorou com a guerra, já que Rússia e Ucrânia são grandes exportadores de trigo e o conflito tende a reduzir a oferta.
A Argentina já está colocando restrições na venda de novos lotes, informa o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos do Rio Grande do Sul, Arildo Bennech Oliveira, que também é vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). Moinhos estão reajustando a farinha em mais 20% em breve, um repasse semelhante deve chegar ao consumidor.
- O Brasil produz 7 milhões de toneladas, mas consome 12 milhões. Somos dependente de importação. Com a da Rússia à Ucrânia, o trigo teve uma disparada de 30% na bolsa de Chicago. Como estamos em plena entressafra, esperamos a importação da Argentina, que restringiu exportação por problemas internos e também para ter reserva caso a guerra piore o problema. Rússia e Ucrânia são responsáveis por 25% de toda a exportação mundial, o trigo terá mais aumentos. Aqui no Brasil, os moinhos estão com dificuldade de comprar trigo, porque as trades estão com as vendas suspensas. Já anunciam um aumento de 20% na farinha para meados de março ou abril. A dificuldade é grande, os produtos derivados de trigo como pães, biscoitos, massas, todos terão um aumento bem na ordem de 20%. Não há nenhum tipo de exportação nesse momento pela Rússia e pela Ucrânia. Cada vez mais países importadores buscam Estados Unidos e Austrália, que são grandes produtores de trigo. A União Europeia, como maior produtor de trigo do mundo, também está se resguardando para uma possível falta do cereal no mercado. Esperamos que Rússia e Ucrânia possam colher a safra de trigo, que está plantada, para que seja comercializada ainda neste ano.
Oliveira comanda a indústria Superpan, que tem 55% do seu custo atrelado ao trigo. Nas padarias, essa representatividade varia de 35% a 60%. Ou seja, não há como não repassar para o consumidor.
O trigo é o principal grão da safra de inverno do Rio Grande do Sul. Há também o temor de que a alta de preços de fertilizantes com a guerra aumente ainda mais o custo do produtor.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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