Investimentos em infraestrutura movimentam bastante a economia e são projetados especialmente para anos eleitorais. Quando se trata de rodovias, o interesse aumenta, já que atinge usuários. Está previsto para 2022 um pacote grande de leilões e aquisições para todo o país, incluindo o Rio Grande do Sul. Aqui, dos três blocos de rodovias de responsabilidade do governo do Estado, um deles já teve edital publicado. O leilão ocorrerá em abril e envolve a RS-122 e a RS-240, por exemplo. O segundo bloco já foi aprovado pelo governo gaúcho e passará por avaliação final da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Agergs), antes de o edital ser publicado. O terceiro bloco ainda está sendo montado. A intenção do governo é publicar os dois editais restantes até abril, com expectativa de realização dos leilões ainda em 2022. Por fim, a União está concluindo os estudos para lançar o edital do novo programa de concessão de rodovias federais como a BR-116 e a BR-290. Também há expectativa de realização da disputa ainda neste ano. Para falar do assunto, o programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, ouviu o diretor-presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Marco Aurélio Barcelos, que está otimista em relação aos investidores, enfatiza que o poder público não tem dinheiro para fazer os aportes e projeta R$ 11 bilhões para o Rio Grande do Sul nos próximos 30 anos. Confira trechos abaixo e ouça a entrevista completa no áudio no fim da coluna:
Qual o panorama para o Rio Grande do Sul?
O programa do Rio Grande do Sul chama a atenção no cenário nacional. A gente percebe que os investidores, não só os próprios operadores de rodovias, mas os consultores, os bancos e fundos de investimento olham para o Estado como um potencial destinatário de políticas e estratégias de investimento. Esses três próximos blocos vão somar valores exorbitantes. Estamos falando de uma estimativa de R$ 11 bilhões em 30 anos. O que você citou, que é o Bloco 3, com leilão programado para abril deste ano. Só ele vai permitir a injeção de R$ 3,4 bilhões na economia do Rio Grande do Sul durante o período de concessão. É um valor que certamente suplanta aquilo que poderia ser destinado pelo pelo Daer e pelos órgãos públicos do Estado para manutenção e ampliação dessas rodovias. E mais: quando a gente fala que um operador assume uma concessão, não estamos dizendo que ele vai colocar dinheiro apenas para investir. Estamos falando que ele coloca dinheiro na manutenção desse ativo durante todo o período. Isso traz geração de emprego, distribuição de renda. Para se ter uma ideia, temos cerca de 400 municípios do Rio Grande do Sul que são beneficiados com ISS, que é arrecadado no âmbito dessas rodovias. Não há dúvidas de que as concessões de rodovias são grandes empreendimentos, tem um efeito de arraste econômico muito grande, não só no período em que as obras são realizadas, mas durante toda sua vigência. Além do investimento em si, reduzem tempo de viagem, reduzem número de acidentes. Então, a gente só tem externalidades positivas deste tipo de política. E é por isso que essas iniciativas precisam de apoio. Se nós tivéssemos recursos públicos infinitos, se nós não tivéssemos hoje um problema, hoje, brasileiro é endêmico na administração pública nacional de escassez de recursos, ninguém estaria falando em concessão. Mas, volto a dizer, não tem mais. Acabou o dinheiro público. E se nós não buscarmos alternativa de atração de investimento privada, a nossa infraestrutura vai se esfrangalhar.
Para algumas concessões pelo país, há receio de falta de interesse e até adiamento da concorrência. Há essa possibilidade aqui para o Estado?
A gente olha para o Brasil como um todo, o mapa nacional, e percebe que há um excesso de oferta, chamemos assim. Nunca tivemos tantas concessões sendo realizadas ao mesmo tempo. Isso acende um alerta sobre a possibilidade de os operadores hoje existentes atenderem a todas essas demandas, ofertas de ativos. O que Estados precisam fazer em relação a esse problema bom, que eu costumo chamar? Precisam garantir que os estudos sejam muito bem realizados. Precisam entender que há um timing para poder realizar as licitações. Se coloca tudo de uma vez só, todos os Estados, certamente a gente teria dificuldade em fazer o match, o casamento, porque diminui o número de projetos e operadores. Para que você tenha o envolvimento de um concessionário em uma licitação, ele precisa fazer estudos, precisa recrutar mão de obra. Hoje, a gente já testemunha desafios e dificuldades de se alcançar e conseguir no mercado engenheiros e projetistas, tamanho o programa de concessões, não só de rodovias mas também outros ativos. Temos esse "problema bom", ele precisa ser administrado, mas endereçando especificamente a dúvida, a apreensão que aqui vocês colocaram da população gaúcha. Existe sim um interesse, pelo que temos visto, com diversos investidores, no programa do Rio Grande do Sul. É um programa que está bem montado, com estudos elaborados, e eu acredito que não haverá esse risco de insucesso quanto aos leilões que estão previstos.
Ouça a entrevista para o programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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