Na viagem a Rio Grande, a coluna conheceu a unidade de fabricação de fertilizantes da Yara, que foi ampliada em um investimento bilionário da empresa de origem norueguesa. Durante a visita, o programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha, conversou com o diretor Lucas Elizalde, diretor de Operações da Yara no Rio Grande do Sul, sobre a fábrica, a tensão entre Rússia e Ucrânia e os reflexos da estiagem. Confira:
Recentemente, vocês terminaram a ampliação com investimento de R$ 2 bilhões da Yara na unidade de Rio Grande. Dobrou de capacidade de produção?
Perfeito. Terminamos o projeto no início do ano passado. Ano passado tivemos todo o desafio de fazer o início das unidades. É um processo normal, onde tem uma evolução no aprendizado dos nossos times. E agora nós já estamos atingindo um patamar de produção que já está chegando próximo ao nosso planejado, que é, de fato, dobrar a capacidade de produção. Tanto de produção do fertilizante propriamente dito na planta de Rio Grande quanto na capacidade de expedir o produto para nossos clientes em diferentes regiões do país.
Para onde que a unidade de Rio Grande manda fertilizantes?
Nós mandamos desde o Rio Grande do Sul até Mato Grosso, pegando todo oeste do Brasil, o Cerrado, que é a grande região produtora do nosso país.
Quantas pessoas trabalham no complexo da Yara em Rio Grande?
Hoje, quando consideramos empregados efetivos mais os de safra, já que o fertilizante tem um negócio muito sazonal, e mais alguns terceirizados, podemos dizer que temos em torno de 1,2 mil a 1,3 mil pessoas.
A Yara tem um trabalho muito forte com comércio exterior. Também sentiu a situação do aumento do custo do frete, do gargalo logístico mundial. Agora, houve uma redução?
Sim. Nós sentimos uma pequena redução, mas ainda precisamos comprovar que ela não é sazonal, visto que o próprio volume de importação de fertilizantes no Brasil reduz no nosso verão e ele volta a aumentar no outono. Nós sentimos alguns sinais de estabilização, com pequenos pontos de queda, mas, como eu disse, a gente precisa entender como será essa dinâmica, visto que novas crises no mundo aparecem, como essa da Rússia e da Ucrânia, que acabam também impactando na questão do frete marítimo.
Essa questão dos fertilizantes tem sido muito citada nessa tensão entre Rússia e a Ucrânia. Como a Yara entra neste contexto?
O leste europeu, Bielorrússia, Rússia, são importantes fornecedores de matéria-prima, como o cloreto de potássio, que é uma grande matéria-prima do fertilizante. A empresa está bem atenta, está trabalhando já com outros fornecedores também, para garantir o abastecimento dos nossos clientes. Está sendo um ano difícil para todos os setores, não apenas para o agronegócio. A gente enxerga esse impacto logístico acontecendo em todas as áreas. Inclusive faltando chip para produção de carro. Mas a empresa tem atuado e buscado diferentes fontes para minimizar qualquer impacto futuro para os nossos clientes.
Nós do Rio Grande do Sul estamos enfrentando mais um ano de estiagem. A empresa sente, mas não tanto como em secas antigas, certo?
Hoje, os programas que os últimos governos começaram a fazer na agricultura dão um pouco mais de estabilidade para o agricultor. Quando a gente pega 20 anos atrás, em uma situação parecida, o agricultor estava um pouco mais sozinho para absorver qualquer prejuízo. Não tinha tanto seguro como se tem hoje. Hoje, toda a cadeia do agronegócio sente com a estiagem. Não apenas fertilizantes. Mas entendemos que é uma situação um pouco mais estruturada graças às políticas que foram feitas ao longo dos anos, em relação à seca de 2005 ou até mesmo anteriores.
Ouça a entrevista:
Ouça o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha) na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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