O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
A compra da Fröhlich — indústria gaúcha dona da marca Fritz & Frida — pela Delly's Food Service, um grupo gerido pela Pátria Investimentos, foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e concluída. O processo de aquisição começou em dezembro, conforme noticiou a coluna à época. A Delly's tem, na sua lista de marcas, empresas como a Oesa, de Santa Catarina. Aliás, nos documentos da autarquia, é a Oesa que representa a Delly's na compra da empresa de Ivoti.
À coluna, a Delly's — que trabalha principalmente no mercado de distribuição de alimentos para restaurantes, bares e pequenos varejos — destacou que a Fröhlich movimenta 600 toneladas diárias de mercadoria nos seus dois centros de distribuição. Hoje, a indústria gaúcha tem mais de 300 produtos de suas marcas próprias, com destaque para Fritz & Frida, mas também trabalha com distribuição de cerca de 1,6 mil produtos de marcas de alimentos, utilidades domésticas, higiene e beleza, rações animais, entre outros.
Para saber mais sobre a movimentação e a expansão da Delly's no Rio Grande do Sul, a c0luna conversou com Maurício Câmara, CEO da Delly’s. Ele falou sobre a estrutura da empresa, a aquisição de outra marca gaúcha em 2021 e do desejo de levar a Fritz & Frida para outras regiões do país. Confira:
Qual a estrutura e história da Delly's?
A Delly's surgiu em 2015, a partir da aquisição de uma distribuidora em Minas Gerais que na época faturava cerca de R$ 100 milhões. Ao longo dos últimos seis, sete anos, através de aquisições e também de crescimento orgânico, vem crescendo muito rapidamente. Fechamos agora o último ano faturando cerca de R$ 3 bilhões. Nós atuamos em basicamente todo território nacional. Temos mais de 30 pontos de distribuição entre centros de distribuição e cross docking, pontos de transbordo. Comercializamos cerca de 20 mil itens, a sua grande maioria voltado à alimentação, mas com um portfólio bastante amplo, atendendo restaurantes, bares, lanchonetes, varejo pequeno de vizinhança. Temos cerca de 1,5 mil funcionários trabalhando na área de vendas, atendendo nossos clientes diariamente. Nossas entregas acontecem basicamente no período de 24 horas. Nossos clientes pedem hoje e vão estar recebendo amanhã aqueles pedidos que foram feitos.
Entre o ano passado e início desse ano, vocês fizeram duas aquisições no Rio Grande do Sul. A primeira foi da distribuidora Johann, certo?
Isso. É uma distribuidora de Estância Velha, e a compra aconteceu no segundo semestre de 2021. A Johann é uma empresa que tem um portfólio bastante direcionado para mercearia seca, de panificação. Está atendendo basicamente clientes de food service também, restaurantes, lanchonetes, bares, etc., mas também atendendo o público de varejo.
E agora estão anunciando a aquisição da Fröhlich.
Sim, anunciamos recentemente. Também é uma empresa de distribuição, mas com algumas características um pouco diferentes das características da Johann. A Fröhlich tem, no seu portfólio, uma parte muito importante do seu faturamento concentrado nas marcas próprias. Ou seja, a marca da própria empresa. É uma marca super reconhecida no Rio Grande do Sul, que é a Fritz & Frida.
Pois, é, presidente. Vocês atuam com força no setor de distribuição, mas a Fröhlich também trabalha com marca própria...
Exato. A Fröhlich trabalha com marca de outros fornecedores, marcas conhecidas e renomadas no mercado, mas também com sua própria marca, que é tão ou mais reconhecida no mercado do que algumas outras. E com um potencial enorme de ser levada a outros cantos do país. Exatamente por essa relação que sempre teve com a qualidade dos produtos, e que agora tem tudo para ser levada a outras áreas do Brasil.
A ideia é levar os produtos da Fritz & Frida para todo Brasil?
Exato. Vamos continuar com produção, nada muda. A ideia é continuar explorando a marca. A marca é super reconhecida no Rio Grande do Sul pela sua qualidade, por uma série de produtos, e a ideia é levar a marca a outros cantos do país. Talvez o movimento mais natural seja sair do sul indo em direção ao norte do país. Mais claramente Santa Catarina, Paraná, e assim sucessivamente. É o caminho normal para que a gente possa efetivamente explorar o potencial todo dessa marca.
Esse aumento de capilaridade provocará também um aumento de produção? Vocês prevem um aumento na indústria?
Sem dúvida. No que se refere ao aumento de produção, ele é eminente. A partir do momento que a gente começar a ampliar a distribuição de todo portfólio de Fritz & Frida e levá-lo para outras áreas, naturalmente a produção será maior. E como consequência, mais capacidade industrial será necessária. Não temos nenhuma avaliação ainda de qual será a necessidade real que a gente deve ter ao longo dos próximos anos. O plano para isso ainda não está detalhado, mas é algo que deve acontecer naturalmente. Expansão de distribuição, necessidade maior de capacidade industrial e, consequentemente, investimentos.
Toda operação da Fröhlich seguirá?
Toda. Nada muda. Tudo segue da forma como está. A Delly's tem no seu DNA a vontade de crescer. A companhia, em seis anos, saiu de R$ 100 milhões na primeira distribuidora e atinge R$ 3 bilhões. Nosso plano é que terminamos 2022 cruzando os R$ 5 bilhões em faturamento. O crescimento está no nosso DNA. Olhando para perspectiva do potencial de consumo no Sul do país, e o potencial como o da marca Fritz & Frida, colocando as duas coisas juntas, necessariamente a gente deve não só permanecer com as operações como, é natural, que uma demanda cada vez maior aconteça conforme formos expandindo.
Como a Delly's enxerga o mercado do Rio Grande do Sul? Qual a importância do Sul para empresa?
O mercado do sul do país é super importante para nós. Na verdade, é o mercado onde temos a maior atuação. Uma posição bastante forte no Paraná, em Santa Catarina e, com as duas aquisições mais recentes, nossa posição no Rio Grande do Sul também fica bastante consolidada. Essa posição nos três estados do sul do país e as nossas movimentações na região traduzem um pouco da perspectiva do que a gente espera. Não só para região, mas para o país inteiro. Independente de termos momentos um pouco mais difíceis, ou momentos um pouco melhores, ter tido todo reflexo da pandemia ao longo dos últimos dois anos, que obviamente foram difíceis, a gente sempre olha com uma perspectiva positiva. Olhando para o médio e longo prazo. E nesse sentido, tanto o Rio Grande como demais estados da região e do país, a gente precisa ser otimista, procurando crescimento e geração de emprego.
Quantos funcionários a Fröhlich tem?
Nós temos cerca de 500 funcionários na Fröhlich, divididos em área de vendas com cerca de 150, e os demais entre área de distribuição, escritório.
E todos continuam agora funcionários da Delly's?
Isso. Todos permanecem. Isso para gente, todo esse movimento de querer levar a marca para outras regiões, só reforça nossa crença daquilo que foi feito até hoje.
E o serviço de distribuição da Fröhlich também é uma aposta da empresa?
Sem dúvida. A Fröhlich tem uma força muito grande de distribuição na região, principalmente Rio Grande do Sul. E nós podemos hoje, com nossos outros fornecedores, com nosso portfólio, nós temos possibilidade de chegar a clientes em que hoje a gente ainda não está presente. Esse também é um outro benefício de nós unirmos as pontas com a Fröhlich, e a partir daí, conseguir um alcance muito maior, não só para Fritz & Frida, mas também para tantas outras marcas que trabalhamos hoje.
Até porque com a aquisição, vocês também adquirem os clientes da Fröhlich.
Exato. Esse tem sido o sentido de muitos dos movimentos que a gente tem feito. Não só através de aquisições, mas também organicamente. Ou seja, a gente tem procurado, com a nossa própria equipe de vendas, que hoje estão com 1,5 mil vendedores, eles têm seguido na abertura e levando os nossos produtos e nossos fornecedores para tantos outros clientes.
E sobre investimentos. Podem abrir quanto foi investido na aquisição? E também em investimentos futuros.
O que posso comentar é que a Fröhlich é uma empresa que fatura mais ou menos R$ 350 milhões por ano. A nossa companhia segue no sentido de continuar investindo, não apenas em aquisições de outras empresas, quando houver algum tipo de negócio que faça sentido, mas também na sua base atual de clientes através de outros investimentos. Por exemplo, digitalização da companhia, ferramentas, etc. Existe todo um plano de investimento da companhia que vai muito além das aquisições. O que tem que ser sempre ressaltado.
Alguma outra aquisição no Rio Grande do Sul? Estão de olho para fazer novas aquisições?
Não. O nosso foco agora é concentrar e fazer com que os planos que temos colocados para Johann quanto para Fröhlich caminhem na direção e a gente possa, definitivamente, não só seguir nesse caminho de crescimento, mas também levar a marca Fritz & Frida para outras regiões do país.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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