Na troca de manifestações públicas entre Petrobras e distribuidoras de combustíveis, o risco maior é de aumento de preço do que de desabastecimento. Em comunicado na semana passada, as empresas reclamaram das cotas de compra estabelecidas pela estatal para novembro e, lá no meio, apontaram para potencial desabastecimento. Falar em faltar gasolina e diesel, claro, agita o mercado.
Então, na segunda-feira (18) à noite, a Petrobras divulgou também um comunicado. Informou que, apesar dos preços nas alturas, as encomendas para novembro dispararam e estão acima da sua capacidade de produção. Nele, não afastou risco de desabastecimento, mas citou que há outros fornecedores para as distribuidoras comprarem, ou seja, disse para as distribuidoras importarem. Relembre o que a coluna noticiou: Após alerta de distribuidoras para desabastecimento, Petrobras diz que encomendas superam capacidade de produção
Aí que está, o preço da gasolina lá fora está muito maior do que nas refinarias brasileiras da Petrobras. Hoje, o BTG estimou em uma diferença de 22%. As distribuidoras não querem pagar esse valor a mais, que comerá suas margens e gerará - mais ainda - reclamações por alta de preços. Elas querem adquirir da Petrobras. Ou seja, há a opção de importar, o que afasta o risco de abastecimento, mas deixa o produto mais caro.
Se isso acontecer, prepare o bolso. Aliás, espero que ele já esteja preparado, já que o dólar e o petróleo sobem sem trégua. A Petrobras costumava reajustar a gasolina quando a defasagem com o mercado internacional se aproximada de 15%. Já passou de 20% e nada ainda. Por enquanto.
Lembrando que a estatal estabelece preços na refinaria, que vende às distribuidoras. Depois, entrem nos custos o imposto estadual ICMS (segundo maior peso), os impostos federais, logística e margens das empresas, como as próprias distribuidoras e os postos de combustíveis. A soma disso tudo é o que está na bomba onde você abastece.
O litro da gasolina subiu mais 20 centavos nos últimos dias no Rio Grande do Sul. Segundo a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), passou para R$ 6,61. Presidente do sindicato que representa os postos de combustíveis do Rio Grande do Sul - Sulpetro, João Carlos Dal'Aqua acredita em um ajuste do mercado:
- O mercado necessita desta normalidade no fornecimento. Na realidade, todo o mercado mundial de combustíveis está passando por ajustes pós-pandemia, seja por preços elevados, seja por maior demanda de produtos pela retomada de atividades. Tudo deve se ajustar na sequência.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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