A alta da conta de luz parece estar sem limites. Além de estar com bandeira vermelha patamar 2 já, o valor da cobrança extra aumentará em julho e é analisada uma nova elevação em agosto para suprir o custo da geração de energia mais cara e para um "racionamento por preço". Há ainda o reajuste anual das tarifas de energia, que tem ficado acima da inflação. Na RGE, foi de 9,95% em média aplicado neste mês. No caso da CEEE, será em novembro e deve ficar em torno de 10% também.
A situação trouxe de volta uma velha discussão: o horário de verão. Ele foi extinto em 2019, no começo do governo Jair Bolsonaro. Segundo disse o presidente na ocasião da assinatura do decreto que acabou como mecanismo, a ideia era aumentar a produtividade do trabalhador porque a medida alterava o relógio biológico da população.
Agora, grupos de empresários ligados a duas entidades nacionais de turismo e gastronomia estão se manifestando publicamente e enviando cartas ao governo federal pedindo a volta do horário de verão. O argumento é "ganhar uma hora a mais de faturamento" e também ajudar na economia de energia em um momento de crise hídrica. Tradicionalmente, são setores que gostam do dia prolongado porque mantém mais as pessoas na rua, consumindo.
A colunista gostava do horário de verão porque era uma hora a mais para brincar fora de casa. Atualmente, não vê mudança na vida pessoal, mas apoia no caso de representar algum alívio para a grave situação energética do país. Apesar de já ter instalado o equipamento de geração de energia solar, sabe do efeito em cascata e prejudicial à economia das altas sequenciais da conta de luz. Sem falar do impacto de um eventual racionamento ou até de apagões. Os especialistas apontam que 2022 será um ano difícil também. O nível dos reservatórios das hidrelétricas caiu para 24% em novembro de 2020. Para o mesmo mês de 2021, tem se falado em um patamar de 10%.
Mas a discussão enfrenta resistências desde o início. Além do posicionamento forte de Bolsonaro contra o horário de verão e por ser uma das primeiras medidas do seu governo, o Ministério de Minas e Energia já tem dito que o efeito dele atualmente é limitado pela mudança na forma de consumo de energia do brasileiro. O posicionamento é semelhante ao da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o diretor-geral da agência reguladora, André Pepitone, disse não haver chance de ocorrer a volta do horário de verão no país. Afirmou que a medida pouco afeta o setor elétrico, não havendo necessidade de interferir na atual situação.
— A Aneel até fez um estudo na época em que ainda estava se decidindo se seria, ou não, praticado no país (o horário de verão), e chegamos à conclusão que não proporciona mais economia para o país. Então, sobre a racionalidade do setor elétrico, o horário de verão não faria mais sentido — disse.
Porém o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse em seu pronunciamento nesta semana que sua pasta está elaborando um plano de transferência de horários de pico de consumo de eletricidade para as empresas. Segundo Albuquerque, a medida deve aliviar a pressão sobre a demanda por energia no país. A proposta, aliás, partiu de indústrias que são grandes consumidoras de energia. Seria uma espécie de rodízio de consumo.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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