Há poucas semanas, eu "virei" usina solar. De pequeno porte, claro. Ter um equipamento de geração de energia fotovoltaica em casa era um sonho desde 2012, quando cobri a feira de Hannover, na Alemanha, com a comitiva da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). Fontes alternativas estavam tanto no espaço de inovações, quanto nos imensos pavilhões de tecnologias já à venda no mercado. Fiquei ainda mais encantada em uma viagem de carro na sequência pelo interior do país, identificando painéis solares até nas pequenas casas incrustadas em florestas que visitei.
Na época, não havia nem regulamentação no Brasil. Ela veio logo na sequência, permitindo às pessoas gerarem sua energia solar e enviarem à rede de distribuição, dando origem aos créditos para usarem depois. O custo dos equipamentos também caiu, com o avanço da tecnologia e o crescimento do mercado que gerou concorrência. Enquanto fazia reportagens sobre esse mercado, esperava a minha janela de oportunidade, que veio quando terminei a construção de uma casa em Águas Claras, na área rural de Viamão.
Simulei consumo, orcei equipamentos, consultei bastante a reputação da empresa, contratemos, aguardei a vistoria da concessionária e, agora, já desfrutei da primeira conta de luz com o abatimento do valor. O aplicativo que mostra a energia gerada no dia chega a ser viciante. Em dias bons, estou gerando o equivalente a R$ 17 com a capacidade do meu sistema. O valor será abatido na conta da casa e do apartamento onde moramos em Porto Alegre. Em tempo, as linhas de financiamento estão ficando cada vez mais atrativas com o juro reduzido e a busca dos bancos por oferecer créditos mais "saudáveis", com foco em clientes que fazem investimentos.
Volta agora a discussão sobre "taxar o sol", a expressão é usada para falar de uma retirada de subsídios e não para a criação de uma nova cobrança. Como quem gera energia usa a rede de distribuição também, há a pressão para que a isenção seja retirada. De outro lado, tem a força do argumento de que essa energia limpa e renovável precisa ser incentivada. Eu instalei mesmo sabendo desse debate. Acredito que, caso se decida por alguma cobrança, ela não será tão alta que inviabilizaria o retorno do meu investimento. Talvez apenas aumente o prazo desse "payback", como se chama quando todo o aporte financeiro é compensado pelo ganho gerado por ele. Acompanho também o avanço do mercado e da discussão para que as pessoas possam ter baterias que armazenem a energia gerada. Com elas, nem será necessário o uso da rede de distribuição.
Claro que o retorno financeiro é essencial, mas não foi o único motivo. Energia solar é limpa e renovável, além do que a geração distribuída, com pequenas fontes geradoras seria incrível para o país, apesar das barreiras de interesses que precisa atravessar. Ou seja, é linda e eu estou orgulhosa! Lá em Hannover, também namorei uns "cataventos" - os aerogeradores - para instalar no pátio de residências para gerar energia eólica a partir do vento também. Quem sabe um dia. Um leitor também me explicou esses dias como está instalando uma cisterna na casa dele para aproveitar a água da chuva. Penso no dia em que irei abastecer meu carro na garagem de casa com a energia que eu mesma gerei. Dizem que a tecnologia acelera cada vez mais seu ritmo de avanço. Então, quem sabe esse sonho demore ainda menos tempo para ser realizado.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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