Foi concedida a cautelar antecedente de recuperação judicial para a Educação Metodista, grupo dono de diversas instituições de ensino no país. Entre elas, o IPA e o Colégio Americano, em Porto Alegre. A decisão foi do juiz Gilberto Schäfer, da 2ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). A partir de agora, o Metodista deve apresentar o pedido tradicional de recuperação judicial em 30 dias. Mas a cautelar já antecipa os efeitos do mecanismo para que sejam protegidos os ativos que o grupo considera essenciais para a reestruturação.
"Com o deferimento da cautelar, a Educação Metodista ganha fôlego e liquidez para conservar sua capacidade de operação, uma vez que as ações e execuções ficam suspensas. Neste momento, também têm início as negociações com os credores para a elaboração do plano de reestruturação do grupo de ensino.", diz nota enviada à coluna.
A Educação Metodista foi criada em 1881. Desde 2015, enfrenta dificuldades financeiras com crises econômicas e a mudança no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), agravadas com a pandemia, diz o grupo de ensino. O endividamento agora é de R$ 500 milhões, formado, principalmente, por créditos trabalhistas, seguidos por débitos com bancos e fornecedores.
Em entrevista à coluna no último final de semana, diretores da instituição garantiram que as unidades do Rio Grande do Sul seguirão em funcionamento mesmo na recuperação judicial, ou seja, não haverá o que o setor empresarial chama de "descontinuidade". Apesar de a sede ser em São Paulo, a presença no Rio Grande do Sul é forte. Atualmente, ela tem seis operações aqui no Estado, que ficam em Santa Maria, Porto Alegre, Passo Fundo e Uruguaiana:
- Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista (IPA) - Ensino Superior
- Faculdade Metodista Centenário / Santa Maria
- Colégio Metodista Americano / Porto Alegre
- Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo (IE)
- Instituto Metodista Centenário (IMC) / Santa Maria
- Instituto Metodista de Educação e Cultura (IMEC) / Uruguaiana
A partir da aprovação do pedido pela Justiça, o prazo será de seis meses para elaboração do plano de reestruturação, que será apresentado a credores. Quando aprovado, começa a ser executado. A maior parte da dívida é formada por créditos trabalhistas, seguidos por bancos e fornecedores.
- A prioridade por lei - e nossa também - é de quitação dos créditos trabalhistas. Queremos conduzir esse processo todo de uma forma muito séria, transparente e clara. E o Rio Grande do Sul é um foco de recuperação muito importante para nós - disse à coluna o diretor Aser Gonçalves Junior.
Planos para recuperação
Em linhas gerais, o plano de recuperação incluirá uma organização da gestão, o que sempre inclui redução de despesas e busca por mais receita. Além disso, serão vendidos ativos que não têm operações de ensino, como imóveis não ocupados ou áreas não usadas em campus. Entre eles, está parte do terreno onde fica o Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista (IPA), em Porto Alegre. Outras parcerias para investimentos também serão estudadas, diz o diretor Maurício Trindade. Ele cita, por exemplo, uma parceria com uma construtora de Santa Maria para erguer um prédio de apartamentos no local onde ficava uma estrutura destruída em um incêndio em 2007.
Atualmente, a Educação Metodista tem 2,5 mil alunos matriculados nas suas instituições no Rio Grande do Sul. Mas chegou a ter 15 mil estudantes no auge, por volta de 2010. São 487 funcionários agora, incluindo professores.
O processo é conduzido pelo escritório Galdino & Coelho Advogados, do Rio de Janeiro. Entre os sócios, está o desembargador aposentado Luiz Roberto Ayoub, bastante conhecido aqui no Rio Grande do Sul porque atuou na recuperação judicial da companhia aérea Varig. Atualmente, Ayoub é advogado do clube de futebol Figueirense também em um processo de recuperação judicial.
- É uma grande vitória para a Educação Metodista, que poderá organizar suas dívidas, negociar e pagar todos os seus credores e ainda ressurgir, como uma nova administração - diz Ayoub sobre a cautelar deferida pela Justiça gaúcha.
Aqui no Estado, participa o escritório SCA Scalzilli Althaus.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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