Tradicional e centenária instituição de ensino básico e superior, a Educação Metodista entrou na Justiça do Rio Grande do Sul com uma cautelar antecedente de recuperação judicial. Conforme a coluna noticiou mais cedo neste sábado (10), a dívida da instituição é de R$ 500 milhões e a medida visa antecipar os efeitos da recuperação que protegem os ativos enquanto se conduz um plano de reestruturação financeira. Ainda pela manhã, a coluna conversou longamente com o diretor de operações estratégicas Aser Gonçalves Junior e o diretor financeiro Maurício Fontoura Trindade. Os executivos detalharam os planos e o momento da Educação Metodista, mas o grande destaque foi a garantia de que as unidades do Rio Grande do Sul seguirão em funcionamento mesmo na recuperação judicial, ou seja, não haverá o que o setor empresarial chama de "descontinuidade".
Apesar de a sede ser em São Paulo, a presença no Rio Grande do Sul é forte. Atualmente, ela tem seis operações aqui no Estado, que ficam em Santa Maria, Porto Alegre, Passo Fundo e Uruguaiana:
- Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista (IPA) - Ensino Superior
- Faculdade Metodista Centenário / Santa Maria
- Colégio Metodista Americano / Porto Alegre
- Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo (IE)
- Instituto Metodista Centenário (IMC) / Santa Maria
- Instituto Metodista de Educação e Cultura (IMEC) / Uruguaiana
A cautelar foi ajuizada nessa sexta, e a equipe aguarda a decisão judicial. O pedido tradicional de recuperação judicial será uma sequência no mesmo processo. A expectativa é de que um posicionamento saia em breve, disseram os diretores à coluna. A partir da aprovação da Justiça, o prazo é de seis meses para elaboração do plano de reestruturação, que será apresentado a credores. Quando aprovado, começa a ser executado. A maior parte da dívida é formada por créditos trabalhistas, seguidos por bancos e fornecedores.
- A prioridade por lei - e nossa também - é de quitação dos créditos trabalhistas. Queremos conduzir esse processo todo de uma forma muito séria, transparente e clara. E o Rio Grande do Sul é um foco de recuperação muito importante para nós - disse à coluna o diretor Aser Gonçalves Junior.
Em linhas gerais, o plano de recuperação incluirá uma organização da gestão, o que sempre inclui redução de despesas e busca por mais receita.
- Queremos ordenar o passado para potencializar o futuro - disse o executivo.
Além disso, serão vendidos ativos que não têm operações de ensino, como imóveis não ocupados ou áreas não usadas em campus. Entre eles, está parte do terreno onde fica o Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista (IPA), em Porto Alegre. Outras parcerias para investimentos também serão estudadas, diz o diretor Maurício Trindade. Ele cita, por exemplo, uma parceria com uma construtora de Santa Maria para erguer um prédio de apartamentos no local onde ficava uma estrutura destruída em um incêndio em 2007.
A Educação Metodista quer também, claramente, recuperar alunos. Ajudaria nisso a força de uma instituição criada em 1881. Em Porto Alegre, o IPA e o Colégio Americano são bastante tradicionais. Quando o IPA suspendeu cursos de graduação em fevereiro, isso gerou manifestações de quem ainda tem ligação com a instituição e também de pessoas que estudaram no local e mantêm uma memória afetiva.
Atualmente, a Educação Metodista tem 2,5 mil alunos matriculados nas suas instituições no Rio Grande do Sul. Mas chegou a ter 15 mil estudantes no auge, por volta de 2010. São 487 funcionários agora, incluindo professores. Crises econômicas desde 2015, mudanças no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e a pandemia estão entre os motivos das dificuldades financeiras que levam ao pedido de recuperação judicial.
O processo é conduzido pelo escritório Galdino & Coelho Advogados, do Rio de Janeiro. O escritório tem como sócio o desembargador aposentado Luiz Roberto Ayoub, bastante conhecido aqui no Rio Grande do Sul porque atuou na recuperação judicial da companhia aérea Varig. Atualmente, Ayoub é advogado do clube de futebol Figueirense também em um processo de recuperação judicial. Aqui no Estado, participa do processo da Educação Metodista também o escritório de advocacia SCA Scalzilli Althaus.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.