Não foi novidade que o comércio ficou de fora das novas restrições anunciadas para Porto Alegre no início da tarde desta quinta-feira (35). Além de ser promessa de campanha, isso foi garantido à coluna ainda ontem pelo vice-prefeito Ricardo Gomes, que depois também comunicou a decisão à tarde passada na reunião do comitê setorial, com entidades de diversas áreas. Inclusive, do próprio comércio.
Não haverá fechamentos e nem redução de horário. O prefeito Sebastião Melo chegou, inclusive, a apelar ao governador Eduardo Leite que amplie o horário que foi reduzido para os supermercados, que estão tendo que fechar às 20h agora. Disse que não adiantou, que as pessoas estão se aglomerando.
Mas por que manter-se abertos não reduz tanto assim a tensão dos lojistas? Porque - no geral, e não todos - mostram compreensão com a gravidade da pandemia no Rio Grande do Sul. Em especial, na Capital. Mesmo com a garantia de campanha e atual do prefeito e do vice, não sabem se o agravamento da situação não acabará por levar mesmo a um novo fechamento.
Atualização: No final da tarde desta quinta, o governador Eduardo Leite decidiu por suspender a cogestão entre este sábado (27) e o próximo domingo (7). Com isso, os municípios terão que respeitar a bandeira da sua região. Então, diversos fechamentos, efetivamente, ocorrerão.
Vários empresários têm procurado a coluna na última semana para conversar e, ao contrário do que ocorria no ano passado, não tem comemoração por ficar de fora das restrições. Não há clima. Hoje, então, a tensão era grande. Até mesmo porque vários, além de informações de economia, contam sobre familiares e funcionários que passam por situações difíceis com o coronavírus. Um deles - que também não quer se identificar porque representa um setor - já disse que não consegue mais defender, neste momento, que saúde e economia têm que andar juntas.
E tem as questões práticas mesmo. Com as pessoas ficando em casa, claro que há menos cliente na loja. Pode ter uma maior concentração daqueles que gastam, mas o impacto nas vendas ainda é alto. Muitos estruturaram já a venda online, mas o consumidor com medo também reduz gastos.
É hora de mais políticas públicas de apoio, de suporte a esse setor que tanto gera empregos. Em breve, começam a vencer as parcelas do Pronampe, o programa de crédito para apoiar micro e pequenos empresários. Talvez seja hora de governo e bancos revisarem os termos. Outro ponto é a estabilidade de emprego "garantida" por quem aderiu ao programa de suspensão de contrato ou redução de jornada. Se a empresa fechar, essa estabilidade deixa totalmente de existir, dando lugar ao desemprego e a dívidas com os funcionários que muitas empresas deixarão de pagar. Está na hora de voltarem as medidas trabalhistas da medida provisória 927 e do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEM). Em Porto Alegre, há já um acordo entre o Sindicato dos Lojistas (Sindilojas POA) e o Sindicato dos Comerciários (Sindec POA) com algumas possibilidade de medidas, mas sem a contrapartida do governo federal para complementar salários.
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Percebam que nem falei da volta do auxílio emergencial. Meu foco foi em medidas de impacto mais direto no caixa das empresas, que está estrangulado.
Sei que a comemoração do início da vacinação se esvaiu sem conseguir se enxergar em que ponto do túnel, exatamente, está essa luz. Mas ela está lá. Eu a vejo, mesmo que longe.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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