Quem se apavorou com as aglomerações das eleições, deve ainda estar chocado com as festas de final de ano. Há quem nunca tenha acreditado ou tenha preferido ignorar a gravidade do coronavírus. Mas tem muita gente afrouxou mesmo. Flexibilizou ou jogou para cima os cuidados que tomava nos períodos menos intensos da covid-19 no Rio Grande do Sul (e fora dele). As "bolhas" sociais que deveriam reunir apenas duas ou três famílias que tomam cuidados semelhantes acabaram por explodir no Natal e no Ano Novo.
Tenho conversado sobre o assunto com autoridades de saúde, de governos e dos setores econômicos. A coluna e algumas delas veem efeito da vacina nesse afrouxamento. Apesar de o Brasil estar atrasado também nisso, outros países trazem notícias diariamente sobre a população sendo imunizada. Essa perspectiva de solução do problema em um curto prazo após um ano de privações - não para todos, mas para muitos - parece ter feito as pessoas considerarem a situação encaminhada para uma normalização.
- O Ano Novo será a prova de fogo. Se não explodir de casos agora... - comentou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), Írio Piva, ao relatar à coluna o que viu no feriado no litoral do Rio Grande do Sul.
Mas não temos data para a vacinação e, muito menos, para considerar a população imunizada. Até lá, muitos morrerão e outros tantos ficarão com sequelas desse vírus. Profissionais de saúde entrarão em estafa. E é bem possível que a economia tenha uma nova hemorragia até estancar o sangramento, vide o terceiro lockdown adotado nesta semana na Inglaterra.
- Penso que é semelhante ao acidente de trânsito quando ele acontece com a pessoa chegando perto de casa. O motorista relaxa. Mas é um momento em que não podemos relaxar - refletiu Piva.
Mas podia ser o contrário, não? A vacina estar próxima não deveria ser um estímulo a segurar as pontas, até a aumentar os cuidados e proteger ainda mais as pessoas frágeis da nossa família e da nossa sociedade? Afinal, mesmo que não haja um prazo fixado para a pandemia acabar, temos perspectivas.
Só que, assim como em diversos outros momentos, essa opção exige abdicar de prazeres imediatos e que - parecem - ser inadiáveis. Além disso, tem que colocar a mão na consciência e escolher ter uma atitude responsável. E, como não aprendemos a priorizar, o happy hour e demais festejos "inadiáveis" do verão poderão atrapalhar, por exemplo, a volta às aulas, algo tão importante para crianças e jovens.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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