Foram cinco medidas novas de crédito imobiliário anunciadas pela Caixa Econômica Federal (CEF) no final da manhã. Era esperada uma redução do juro, como novo cenário da economia e com outros bancos mais agressivos no segmento. Mas ela não veio dessa vez. As ações tem o foco visível de destravar os empreendimentos em andamento e turbinar novos lançamentos de imóveis. Financiam custos do comprador, agilizam a aquisição e flexibilizam exigências para incorporadoras.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, repete com frequência que o banco tem quase R$ 500 milhões em financiamento imobiliário, que a construção move a economia, gera muitos empregos e, portanto, é alvo da instituição no combate à crise da pandemia do coronavírus. Em geral, o executivo é cobrado para que se facilite a liberação e, ao mesmo tempo, que não tome medidas que possam fazer a Caixa Federal assumir risco demais, considerando um cenário de inadimplência em alta. Sobre isso, ele enfatizou praticamente silabando a frase:
- Ne-nhu-ma medida será feita reduzindo garantias e aumentando risco para a Caixa Federal.
A Caixa anunciou diversas medidas desde o início da crise. O banco considera que aquelas que foram voltadas para construtoras, como antecipação de recursos e carência de pagamento, reduziram de 5% para 1% o percentual de empreendimentos parados durante a crise. Após a transmissão da direção do banco, vários empresários e representes de entidades de construção participaram elogiando as ações. Eles participaram nas definições, pelo que foi dito.
A construção civil realmente é motor da economia, gera emprego para uma camada da população que teria dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Movimenta ainda outros segmentos, que vão dos materiais de reforma, da geladeira e do sofá, até as panelas e os faqueiros novos, como disse uma vez para a coluna o conhecido empresário gaúcho Clóvis Tramontina. Em Porto Alegre, o setor ficou fechado no início da pandemia, mas logo foi autorizado a funcionário. Em maio, foi o único a criar empregos com carteira assinada enquanto vários postos de trabalho viraram pó, mesmo que tenham sido apenas 135 vagas.
Veja, resumidamente, as medidas anunciadas nesta sexta:
1 - Caixa Federal passará a financiar também no contrato os custos de cartório e o imposto ITBI cobrado na compra da casa própria. Ideia até é que as pessoas usem o dinheiro, por exemplo, para comprar móveis, movimentando outros setores da economia. Isso já foi testado em 3 mil contratos e vale a partir de agora.
2 - Será aceito o registro eletrônico do contrato habitacional. Reduz tempo de registro no cartório de 45 dias até zero. Além disso, evita a ida até os locais também. Por enquanto, será para unidades ligadas a empreendimentos e logo irá abranger as individuais.
3 - Uso de recursos de repasses/recebíveis no pagamento de encargos dos empreendimentos. Para construtoras não usarem o dinheiro do caixa.
4 - Reduz de 30% para 15% a comercialização mínima. Ideia é incentivar novos empreendimentos.
5 - Flexibilizar a exigência de 15% de obra em novos empreendimentos. Exige menos capital na fase inicial do projeto do imóvel.
E relembre aqui as medidas anteriores: Veja 15 medidas da Caixa para o financiamento imobiliário e se valem a pena
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)