Em um mês de maio de pandemia e com 600 das 1.120 lojas fechadas, a Magazine Luiza vendeu 45% mais do que no mesmo mês do ano passado. A informação foi aberta a acionistas pelo CEO da gigante do varejo, Frederico Trajano, que é filho de Luiza Trajano, empresária que virou símbolo de ações de enfrentamento à crise no país. E é gigante mesmo. Além do número de lojas, a Magalu atingiu nos últimos dias um valor de mercado de R$ 100 bilhões, atraindo novos investidores para suas ações negociadas em bolsa.
- Mais de metade do nosso faturamento já vinha do online. Digitalizamos o Magalu e agora queremos digitalizar o varejo brasileiro - diz Fred Trajano.
Ele se refere à abertura da plataforma para outras empresas entrarem no e-commerce. Em especial, as pequenas varejistas. Aliás, um leitor assíduo da coluna contou pela rede social que está com seu negócio físico fechado, pois os funcionários são do grupo de risco, mas segue vendendo pela parceria com o Magazine Luiza. De geladeira a secador de cabelo, diz ele:
- Quando eu iria pensar que uma grande empresa iria estender a mão para nós pequenos?! - contou @AlbatrozSdi.
Para a grande rede de lojas, além de ajudar o pequeno e turbinar o seu propósito, isso também oferece mais produtos aos consumidores e capilariza a logística, que é um dos gargalos.
- Apenas 5% do varejo brasileiro está no e-commerce. Então, 95% do estoque não está na plataforma online. Trazendo esses parceiros, o prazo de entrega e custo são menores - explica o CEO do Magalu, que acredita que a pandemia elevará para 10%, dobra, mas ainda é uma fatia pequena do varejo brasileiro no online.
Outra medida rápida foi usar as lojas fechadas como depósitos para entrega do que foi comprado pela internet. Ou seja, viraram centros de distribuição que também vendem.
- E temos 1.120 lojas e 20 centros de distribuição. Meus concorrentes têm quatro ou cinco pontos - compara.
Mas a imagem da Magalu está ligada, e com ainda mais força agora, à Luiza Trajano, que tem sido porta-voz de um varejo consciente, o que é percebido pelos consumidores. Logo que o coronavírus sinalizou a sua gravidade, ela disse que a empresa tinha sido uma das primeiras a fechar as lojas e seria uma das últimas a abrir. Agora, se dedica a ajudar pequenos empresários e mulheres, bandeiras que já tinha antes e levanta com mais força agora na crise:
- Estou vivendo o pequeno e o médio 20h por dia. Digo para as pessoas comprarem do comércio de bairro, são 40 mil empregos!
E agora também colocou o foco das suas ações no setor de turismo, tão afetado pela crise:
- Eu estou muito envolvida com o turismo. Eu não entendo nada, mas eu adoro gerar emprego. Eu digo: "Vamos baixar preço". Não dá para gastar o mesmo para ir para Natal (RN) do que se gastaria para fora do país - defende a executiva.
Sobre o crescimento de vendas da empresa durante a pandemia, ela volta a reforçar a importância de uma grande rede comercializando os produtos. Dizendo que são 26 mil pessoas vendendo.
- E se cada uma vender um produto por dia... E como esse povo está comprando aspirador de pó, não é brincadeira!
Quando questionada sobre um número para o futuro, Luiza Trajano lembra que o Brasil precisa construir 20 milhões de casas próprias nos próximos 10 anos. Como o otimismo peculiar, ela projeta quanta, geladeira, fogão e televisão irá vender.
Para os demais empresários, ressalta como o cliente, mesmo não parecendo, está com medo do vírus e que ver alguém sem máscara é como ver alguém sem roupa. Alerta ainda que o consumidor olhará mais do que preço nas empresas:
- Ele quer saber se você demitiu ou não. Alguns têm que demitir. Mas o consumidor está querendo saber.
Essa é uma grande discussão, sobre que mudanças essa crise, iniciada na saúde e que se alastrou pela economia, trará para o comportamento de consumo. Será apenas um pequeno aumento na opção pelo digital, ou até uma exigência de engajamento social das companhias? A conferir.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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