Uma mensagem interessante em tempos de home office está circulando bastante no LinkedIn, rede social mais voltada para negócios e mercado de trabalho.Trata de uma iniciativa do CEO da Natura na América Larina, João Paulo Ferreira, para que os funcionários não esqueçam de almoçar mesmo em casa no teletrabalho. O executivo enviou uma convocação para essas reuniões online bloqueando o horário das 12h às 14h dos trabalhadores.
Conforme os relatos dos funcionários nos seus perfis, todos foram pegos de surpresa. Afinal, achavam que era uma reunião de trabalho, com o "up" de ser com o presidente da empresa. O compromisso tinha o título "Encontro com João Paulo". Mas o recado do CEO trazia a intenção:
"Mas não se preocupe: este não é um convite para uma teleconferência. É, na verdade, um convite para que você reserve um tempo para cuidar de você mesmo. (...) A ideia é que você possa dedicar esse intervalo para preparar sua refeição com calma e aproveitá-la – com quem estiver ao seu lado na quarentena."
Ele - e todos nós que estamos em teletrabalho - sabe que tem sido difícil conciliar o trabalho e a vida pessoal durante home office. Neste momento, a colunista está escrevendo e entrando no ar na Rádio Gaúcha, e já teve, nas duas últimas horas, que pedir silêncio mais de cinco vezes para os filhos. Sendo que eles têm apenas 4 e 6 anos e estão, afinal, na sala da casa deles.
Alguns funcionários ficaram menos produtivos porque precisam do ambiente da empresa como estímulo. Outros levantam do computador apenas para ir ao banheiro, pegar o delivery de comida e para dormir. Mais difícil ainda é encaixar os ritmos tão diferentes entre os colegas da companhia em home office.
O CEO da Natura encerra a mensagem dizendo que, caso o funcionário receba um chamado para reunião no almoço ou fora da jornada habitual, peça para o organizador buscar alternativas "em nome do bem-estar de todos." Nem sempre é possível, e tudo bem. Mas uma jornada insana não deve fazer parte do tão falado "novo normal".
Situações como essa fazem a coluna achar que nem todos irão adotar o home office após a pandemia. Por decisão da chefia, mas também do próprio funcionário. Será preciso testar em "condições normais de atmosfera e temperatura", e não no clima de pandemia, como ficará a produtividade e o bem-estar do trabalhador. Um equilíbrio disso com o aumento/redução de custos para as duas partes terá de ser analisado em cada empresa, setor e até mesmo CPF. Gestores e RH terão desafios interessantes nessa área.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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