Nos últimos cinco anos, o setor de marmitas cresceu 247% no Rio Grande do Sul, segundo dados do Ministério da Economia levantados pelo Sebrae para a coluna. Os números de empreendedores que produzem alimentos preparados predominantemente para consumo domiciliar subiu de 4.621 em 2014 para 11.414 em novembro de 2019.
Outro dado que chama a atenção é de que 10.489 eram microempreendedores individuais (MEIs), ou seja, 91,89%. Além disso, apontam que, de novembro de 2019 para fevereiro de 2020, foram registrados novos 553 MEIs cuja atividade principal é a de consumo domiciliar.
Segundo Roger Klafke, especialista em competitividade do Sebrae, existem dois principais fatores que indicam este crescimento. Um deles é o aumento de densidade populacional nos grandes centros urbanos, o que incentiva a alimentação fora do lar. Outro motivo é o desemprego.
— O desemprego faz o ticket médio das pessoas cair, e elas acabam procurando opções mais baratas, como marmitas. Há também aquelas pessoas que, por dificuldade de se realocarem no mercado de trabalho, acabam abrindo algo nesse ramo.
Kafkle, porém, informa que problemas de gestão e alta competitividade fazem com que o mercado de alimentação fora do lar, como marmitas, tragam números preocupantes. Segundo ele, cerca de 50% das operações abertas não ultrapassam a faixa de dois anos abertas.
— Por outro lado, a gente enxerga a possibilidade de testarmos novas alternativas nesse mercado de alimentação. Testar novos modelos, receitas, delivery. A tecnologia também está impactando esse segmento.
Registro de MEI
Existem etapas para se formalizar como MEI. A primeira coisa a ser feita é uma consulta com a prefeitura da cidade para saber sobre possíveis restrições. No caso de alimentação, também é importante consultar o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação, da Anvisa. Depois, o registro no Portal do Empreendedor é simples, como explica o gerente de relações com o cliente do Sebrae, Enio Pinto:
— As únicas coisas que a gente vai solicitar são alguns documentos pessoais, como CPF e título de eleitor. Também é importante que você tenha endereço completo com CEP e um número de celular ativo. Depois que você faz o cadastro, gratuito, sai com seu CNPJ na mão.
Quem não tem acesso à internet, também pode fazer o cadastro pessoalmente em um Sebrae ou na prefeitura.
— A partir do momento em que você sai da informalidade, você passa a tomar mais consciência da importância do seu negócio. Entre benefícios, há cursos do Sebrae, possibilidade de abrir conta bancária com CNPJ, linha de crédito específica, imposto fixo e baixo. Além de tudo isso, você pode usar maquininha de cartão. Você tem pacote de benefícios previdenciários, como salário maternidade, auxílio doença, auxílio acidente, aposentadoria por invalidez, por idade e a possibilidade de contratação legal de um colaborador.
Do TI às marmitas
A coluna já noticiou casos de pessoas que trocaram as profissões originais para vender marmita. É o caso do gaúcho Felipe Pereira Avelino. Após ser demitido de uma empresa de tecnologia da informação (TI), criou a Gastrô Comfort Food, uma empresa de marmitas que vende “comida congelada sem gosto de congelada”.
Com a cunhada Samantha Anacleto como sócia, ele começou em 2018 a desenvolver receitas e vender para amigos e família. Um ano depois, já estava comercializando 200% mais e faturando R$ 400 mil. Cada marmita custa a partir de R$ 15. Veja aqui: Gaúcho larga a TI e cria empresa que vende marmita saudável a R$ 15
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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