Mais uma autoridade levanta a bandeira de que empresas devem testar seus funcionários. Foi o presidente do conselho do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde, formado por representantes da cadeia produtiva do setor. A manifestação de Claudio Lottenberg ocorreu em uma transmissão online da corretora Necton para investidores.
- A testagem dá uma possibilidade mais consistente e qualificada para liberar as pessoas para trabalhar. Sou favorável que a gente vá testando. Aqui, a iniciativa privada pode fazer a diferença. Vocês, empresas, poderiam estar comprando testes. Isso seria fundamental - disse ele.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, vem falando nisso desde que voltou a falar com mais frequência após a pandemia da covid-19 ter sido declarada. Cita exemplos de empresas que prometeram testar funcionários e também seus familiares, acrescentando que as companhias deveriam ainda doar os testes que sobrarem para a rede pública. Até para orientação, a coluna conversou sobre isso com o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Fernando Spilki, confira: Como empresas podem testar funcionários para a covid-19
Questionado pelos analistas da corretora, o presidente do conselho do Einstein disse que uma vacina contra o coronavírus ficaria pronta em, pelo menos, 12 meses apenas. Citou, no entanto, uma de Israel que já está sendo testado, mas alertou que não é rápido. Sobre a cloroquina, Claudio Lottenberg fez diversas ponderações. Disse que os casos em que aparentemente funciona são pacientes tratados em ambientes fechados e pode haver a influência de estarem em terapia intensiva ou até pelo perfil demográfico.
- Fizeram alguns ensaios mal desenhados sobre a cloroquina. O Einstein lidera uma frente no país e conseguiu juntar os pacientes, mas teremos uma resposta mais clara sobre o medicamento só daqui a duas ou três semanas.
Reforça a necessidade de estudos consistentes sobre a cloroquina e que essa é uma etapa que não pode ser atropelada:
- Eu estou torcendo. Quem não está? Só quem tem interesse político e quer ver não funcionar. Mas a cloroquina tem efeito colateral, pode dar cegueira, problemas sérios no fígado, no coração.
Concluindo, Claudio Lottenberg defendeu que a covid-19 traga um aprendizado sobre a estrutura de saúde no país:
- Precisamos rediscutir a instalação médica do país. Hospitais deveriam ser centros de alta complexidade e não são. Por isso, a gente não tem ventilador. Precisa ter um plano digital, absorver a telemedicina como ferramenta e, sobretudo, ter visão técnica, não política.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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