Desde que caiu a ficha de que os governos teriam que gastar e sair do eixo da austeridade fiscal para combater o impacto da pandemia na economia, várias medidas foram anunciadas em todos os países afetados. Inclusive, aqui no Brasil. Algumas ações são para empresas, com o objetivo claro de diminuir o tsunami de demissões. Outras, no entanto, são diretas no consumidor, para garantir um sustento mínimo, manter o poder de compra e, por consequência, não deixar a roda da economia ficar ainda mais travada.
Primeiro, teve o anúncio da antecipação do décimo terceiro de aposentados e pensionistas do INSS. Metade será paga em abril e o restante, em maio. Atenção para gastar esse dinheiro com cuidado, mais do que o normal. Não é um valor a mais, mas uma antecipação de algo que seria pago na segunda metade do ano. Ou seja, não virá mais adiante e os gastos com impostos e até com o Natal terão que sair de outro lugar. Use para quitar dívidas com juro alto, por exemplo. Serve também para comprar algo sem precisar acionar linhas de crédito, seja um consignado de juro baixo até o cheque especial com sua taxa altíssima.
Depois, saiu o auxílio emergencial de R$ 600 para os brasileiros, com foco nos informais que viram sua renda praticamente zerar agora na pandemia. O dinheiro está sendo liberado nesta semana e será pago por 90 dias. É claro que o dinheiro deve ser usado, principalmente, para garantir a alimentação da família, comprar remédios e manter os cuidados mínimos de saúde durante esse período crítico no país. Algumas pessoas terão até um aumento na renda mensal com esse auxílio. Mas que não esbanjem. Segundo a pesquisa mensal do Dieese, o valor seria suficiente para comprar pouco mais do que uma cesta básica em Porto Alegre. Pesquisem, leitores. Para pegar um exemplo de um alimento que subiu muito de preço nas últimas semanas, observem o leite. Ontem mesmo, a coluna achou o produto custando de R$ 2,89 a R$ 3,64 para compra em supermercados da Capital que estão vendendo pela internet. Prefira cozinhar em casa, aproveite o máximo do alimento e evite desperdícios.
Agora, foi publicada uma medida provisória permitindo novos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Os recursos do FGTS serão transferidos para as contas no dia 31 de maio, mas os saques serão liberados a partir de 15 de junho. O valor, de até R$ 1.045, ficará disponível até 31 de dezembro. As demais regras serão divulgadas pela Caixa Econômica Federal (CEF). Foi extinto o PIS-Pasep para usar o fundo, mas o patrimônio acumulado nas contas individuais ficará preservado. Ou seja, quando terminar a liberação do auxílio de R$ 600, começará a possibilidade de saque do fundo. Nesse caso do fundo, o trabalhador deve ficar atento que não é um dinheiro novo, mas é um valor que será retirado da conta dele. São os mesmos alertas que a coluna fez nos saques do ano passado. É válida a antecipação nesta época de forte aperto financeiro com a pandemia da covid-19, mas lembre-se que o recurso a ser recebido no futuro terá um saldo menor. Importante lembrar que o FGTS é uma fonte de recursos para dar um fôlego ao trabalhador no caso de demissão, por exemplo.
Além de ajudarem as famílias, as medidas também injetam algum dinheiro e uma economia cambaleante. E isso não deixa de ser comemorado pelo presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sérvio Galbinski:
- Vão se abrindo as torneiras para aumentar a liquidez. Mais dinheiro no mercado. Dinheiro que já era uma poupança dos trabalhadores. Vem em boa hora - comenta o lojista.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Siga Giane Guerra no Facebook
Leia aqui outras notícias da colunista