Após a linha de crédito para pequenas e médias empresas que foi o foco dos anúncios nas últimas semanas, agora deve ser a vez das companhias de grande porte. Foi o que sinalizou o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney:
- Nosso próximo desafio é atender empresas com faturamento acima de R$ 10 milhões - disse o executivo em uma transmissão online da corretora Necton.
Segundo ele, o crédito seria tanto para pagar a folha de pagamento quanto para capital de giro. Acrescentou que as grandes empresas sofrem rapidamente de um esgotamento dos recebíveis. Há ainda uma expectativa para o crédito a micro e pequenas empresas. O Senado aprovou na semana passada o projeto do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados e receber sanção presidencial. A proposta é que seja operado por Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Pelas estimativas, serão destinados ao programa R$ 13,6 bilhões.
Sobre as reclamações de que os juros das operações de crédito seguem altos, o presidente da Febraban rebateu. Disse que as pesquisas não apontam aumentos e ressaltou que o risco da operação de crédito também aumentou, já que a inadimplência já apresentou alta desde o início da pandemia.
- Para reduzir mais o juro, é preciso não quebrar contratos e não ter insegurança jurídica. Os choques não se resolvem com desordem econômica e quebra de contrato. Isso vai agravar a crise - disse ele, abordando uma preocupação já bastante citada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo Banco Central.
Respondeu ainda sobre as "acusações" comuns ao setor bancário, de que é muito concentrado e de que é o que mais lucra na economia:
- Todo setor intensivo em capital é concentrado. Mas o setor bancário não é o mais concentrado. Precisamos discutir esses estereótipos. O setor bancário é sim o que mais paga carga tributária.
Isaac Sidney também falou do acordo entre os cinco maiores bancos do país para renegociação de dívidas, o que inicialmente tinha sido anunciado pela Febraban como prorrogação de vencimentos por 60 dias. O que as instituições estão fazendo é refinanciar os valores, mas mantendo o juro inicial. O prazo pode ser ampliado dependendo da duração da pandemia, sinalizou o executivo.
- Nós já recebemos 2 milhões de pedidos de renegociação de dívidas. De R$ 200 bilhões, foram renegociados quase R$ 140 bilhões. As taxas de juros foram mantidas das contrações iniciais.
Defende que o enfrentamento à crise siga o modelo de compartilhamento de funding e risco entre o governo e iniciativa privada. O presidente da Febraban diz que será muito pior se a inadimplência e o risco de crédito não forem mitigados.
- O crédito é alavanca.
O economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, também participou da transmissão. Segundo ele, "hibernar" a economia é a estratégia possível neste momento e os bancos precisam garantir isso:
- Hibernar a economia, com contração forte da demanda e contração da oferta. Só que ainda acrescenta o componente medo. Os bancos precisam garantir essa hibernação.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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