Inicialmente com receio, acabei simpatizando com o novo financiamento imobiliário anunciado pela Caixa Econômica Federal e o governo brasileiro. Não que todos os casos terão uma redução pela metade da parcela como falado na cerimônia de lançamento, mas deve ocorrer uma diminuição a ser considerada pelo comprador do imóvel.
Resumindo, as duas formas de financiamento têm as parcelas reajustadas por dois fatores. A modalidade até então, e que seguirá sendo oferecida, considera a taxa referencial TR, que está zerada, mais uma taxa alta definida pelo banco. A nova forma considera a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Cosumidor (IPCA), e mais uma taxa bem menor que a Caixa está estabelecendo. Com a inflação baixa como está, em menos de 4% ao ano, a parcela sobe menos.
Mas a inflação é imprevisível no longo prazo e isso é um risco que precisa ser avaliado. Realmente, bem mais imprevisível do que as autoridades estão falando e não há mecanismo que trave o aumento da parcela em caso de disparada do índice de preços da economia. Mesmo que não interesse para ninguém ter inflação alta, há menos de cinco anos, tivemos IPCA superior a 10% no Brasil. Contratos imobiliários são de longo prazo, de décadas. Realmente, muita coisa pode rolar nesse período.
No entanto, o assalariado tende a ter, ao menos, a correção da renda pela inflação. Então, o salário acompanharia o aumento da parcela e não ficaria pagando a taxa fixa alta determinada pelo banco, como na modalidade antiga.
Ah, mas nem todo brasileiro é assalariado com o reajuste anual garantido. Realmente, mas até mesmo os prestadores de serviços costumam reajustar seus serviços e contratos pela inflação, acompanhando os custos dos insumos e a capacidade de pagamento do cliente. Pode não ser certeiro, mas o percentual de aumento da remuneração do profissional tende a ficar semelhante ao da parcela da casa própria.
Independente disso, considere sua situação e seu caso individual. Não dispense, jamais, as simulações na hora de fechar o contrato, considerando todas as modalidades oferecidas pelo banco. Não só na Caixa Econômica Federal, mas negociando com outras instituições. Não esqueça da portabilidade, que é a possibilidade de mudar a dívida imobiliária em andamento para outro banco que ofereça condições mais atrativas.
Impacto na economia
Além do crédito mais barato para o consumidor, a expectativa do setor imobiliário está nas fontes de recursos para liberar os financiamentos. Até então, a poupança é a maior origem, o que acaba restringindo. Com a correção pelo IPCA, o Banco Central explicou que novas fontes de dinheiro poderão ser usadas, como empréstimos com garantia, o que injetará dinheiro neste mercado, conhecido pelo grande potencial de geração de empregos e que tanto sofreu com a crise econômica. Para ter uma ideia, a construção civil fechou, só nos últimos 12 meses, cerca de cinco mil empregos com carteira assinada no Rio Grande do Sul.