Os preços dos alimentos estão castigando o bolso do consumidor. Após um bom tempo caindo e até segurando a inflação, a comida voltou a registrar altas consecutivas e significativas. Conforme a última pesquisa do Dieese, a cesta básica de Porto Alegre subiu 16% nos últimos 12 meses. É praticamente o triplo da inflação geral do período, que está em 5,65%.
Um item, em especial, está custando o dobro do ano passado. É a batata, com alta de 103% provocada pelos efeitos das chuvas nas lavouras. Reduziram a oferta e a qualidade do alimento. No mesmo período do ano passado, as cotações caíram com a maior produção de batata no país.
O tomate também segue em alta e com aumentos ainda maiores de preço. Em 12 meses, a elevação chega a 70% em Porto Alegre.
— No último ano, as altas acumuladas pelo tomate oscilaram entre 41,33%, em Florianópolis, e 133,62%, em Campo Grande. O fim da safra de verão explicou o aumento do tomate em todas as cidades agora em abril. Além disso, observou-se baixa qualidade do fruto, devido ao clima chuvoso, o que elevou a cotação daqueles com melhor aparência — destaca Daniela Sandi, supervisora do Dieese em Porto Alegre.
Outro destaque de alta é um aumento tradicional brasileiro: o feijão. Apesar da queda em abril na comparação com março, o aumento ainda é de 32% em relação ao mesmo período do ano passado. Houve quebra de safra do grão tipo carioquinha, deixando o produto caro e fazendo o consumidor buscar outros tipos. Com o aumento da demanda, o feijão preto também ficou mais caro e é a variedade mais consumida na região Sul.
Pesa também o aumento da farinha, que supera 19%. O item ainda tem efeito em cascata, elevando em 7% o preço do pão. Há menor oferta de trigo no mercado interno, elevando importações e gerando o impacto da cotação alta do dólar nos preços. Há expectativa, no entanto, de aumento na área cultivada no Brasil e na Argentina, disponibilizando mais cereal no segundo semestre.
Ainda com aumentos de dois dígitos, temos a banana e a manteiga. Os dois itens estão 11% mais caros do que no ano passado. A cesta básica do Dieese tem 13 itens e só o café está mais barato, com uma redução de 4,6%.
O aumento forte aparece também na pesquisa do Dieese. A alimentação em casa acumula alta de 9,14% em 12 meses. Alimentos in natura ou pouco industrializados também se destacam com as elevações mais intensa.
Dicas da coluna Acerto de Contas para economizar na compra de alimentos:
1 - Escolha alimentos que tiveram aumentos menores de preços. Se a abobrinha está cara demais naquele dia, opte pela beringela. Caso o tomate esteja "pela hora da morte", faça molho com moranga cabotiá.
2 - Vá ao supermercado no dia de promoção. Os hortigranjeiros são a aposta dos estabelecimentos para atrair clientes. Olhe os catálogos que anunciam as ofertas do dia. Lembre-se que as redes de supermercados fazem suas promoções em dias diferentes da semana, o que facilita a vida do consumidor.
3 - Faça compras também em feiras. Porto Alegre tem várias, que ocorrem quase todos os dias da semana em diversos locais da cidade. Os preços costumam ficar ainda mais baixos no final da feira, na hora da chamada "xepa".
4 - Pesquise sobre o aproveitamento integral dos alimentos. Quase sempre jogadas no lixo, as folhas de legumes servem para refogados e temperos, por exemplo. Há vários pratos, inclusive, que usam cascas. Além de economizar, você agrega nutrientes diferentes à sua alimentação.
5 - Alimentos na safra costumam ter preços melhores e também são mais saudáveis. A natureza é sábia. Um exemplo é a safra de cítricos começar quando as temperaturas caem. Os nutrientes destas frutas, em especial, são importantes para aumentar a imunidade do consumidor em uma época de gripes e outras doenças respiratórias.