A Petrobras está mudando a frequência de reajuste nos preços do diesel, em meio a rumores de uma nova greve dos caminhoneiros. Em comunicado enviado na manhã desta terça-feira (26) para o mercado, a estatal informou que as alterações não ocorrerão por períodos inferiores a 15 dias.
Desde que mudou a política de preços em 2017, havia mudanças até diariamente, acompanhando fatores como o preço do petróleo no mercado internacional e a cotação do dólar. Nos últimos 30 dias, por exemplo, houve cinco reajustes, para cima e para baixo.
A decisão foi aprovada pela diretoria executiva da empresa, informou a Petrobras. Ocorre poucos dias após a notícia de que o Governo Federal acompanha as primeiras movimentações de caminhoneiros no país, que ameaçavam dar início a nova greve. A classe entende que os principais compromissos assumidos pelo governo Michel Temer no ano passado não estão sendo cumpridos. A possibilidade assusta, considerando que a paralisação de maio de 2018 travou a economia do país.
Na semana passada, representantes dos caminhoneiros reuniram-se com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e com o secretário executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio. Na pauta, estava a reivindicação de que o ajuste de preço do diesel ocorresse somente uma vez por mês.
A definição da Petrobras, então, fica no meio termo. No comunicado, a estatal lembra que os preços do diesel nas refinarias correspondem a cerca de 54% dos valores ao consumidor final. E reforça que seguirá acompanhando fatores de mercado para manter o caixa da empresa.
"A Petrobras continuará a utilizar mecanismos de proteção, como o hedge com o emprego de derivativos, cujo objetivo é preservar a rentabilidade de suas operações de refino.
A companhia manterá a observância de preços de paridade internacional (PPI), abstendo-se, portanto, de práticas que poderiam caracterizar o exercício de poder de monopólio, já que possui 98% da capacidade de refino do Brasil.
Sobre este aspecto, vale notar que pesquisa abrangendo 163 países - vide Globalpetrolprices.com - revela que o preço do diesel ao consumidor final no Brasil é 18% inferior à média global e ocupa a 57º posição, sendo, portanto, inferior aos preços observados em 106 países.
Ficam mantidos os princípios que balizam a prática de preços competitivos, como preço de paridade internacional (PPI), margens para remuneração dos riscos inerentes à operação e nível de participação no mercado." - diz o comunicado.
A Petrobras também informou no texto que lançará em até 90 dias um cartão de pagamentos que viabilizará a compra por caminhoneiros de litros de diesel a preço fixo nos postos com a bandeira BR. Foi batizado de Cartão Caminhoneiro, que servirá como uma opção de proteção da volatilidade de preços.