Um antigo amigo que sempre estava no vermelho disse:
"Lembro quando saí da empresa para um emprego com um salário bem maior e tu me disse para não aumentar meus gastos, viver do mesmo jeito. Argumentou que eu conseguiria colocar as contas em dia e guardar dinheiro."
Parece lógico e fácil. Lógico é, mas fácil... Meu antigo amigo não seguiu o conselho e segue no vermelho.
O dinheiro que sai no mês não deve superar a quantia que entra. A conta é básica, mas muitos se perdem e vão parar nas estatísticas de endividamento e de inadimplência.
Mas o que leva as pessoas a gastarem mais do que ganham? Presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros, Reinaldo Domingos lista sete motivos que provocam o descontrole financeiro e a coluna Acerto de Contas destrincha um pouco cada um. Parecem óbvios, mas leia com a mão na consciência:
1 - Falta de educação financeira: não reconhecem a importância do dinheiro e as formas corretas de usá-lo. Em geral, nem pais e nem escolas ensinam as crianças e adolescentes. Quando crescem, ficam expostos ao consumo sem formação financeira. O caminho é buscar cursos e livros sobre o tema.
2 - Falta de planejamento: não sabem para onde vai o dinheiro que recebem. O controle financeiro não acontece em grandes gastos, mas sim nos pequenos. Uma sugestão é preencher uma caderneta diária com todos os gastos e fazer uma planilha mensal por três meses.
3 - Não saber lidar com a publicidade: compram o que não precisam. O cuidado é não comprar por impulso, questionar-se se precisa do produto, qual a função que terá em sua vida, etc. Também é interessante deixar a compra para outro dia, refletindo até lá se realmente quer o produto.
4 - Crédito fácil: buscar ferramentas de crédito fácil, como empréstimos, crediários, financiamentos, limite do cheque especial ou pagar o mínimo de cartão de crédito. Quanto mais fácil, mais caro. Ou seja, com o juro mais alto e até abusivos. Um passo para o endividamento virar inadimplência. E mais: se não souber lidar com o cartão de crédito, cancele. O mesmo vale para o limite do cheque especial.
5 - Parcelamentos: ao parcelar as compras, as pessoas não percebem que já estão se endividando. Para piorar, muitas vezes, o consumidor esquece de colocar esses valores no orçamento. O parcelamento é um crédito. A pessoa usa um dinheiro que não tem para comprar um produto. A exceção é quando a pessoa tem um controle financeiro e até tem o dinheiro em aplicações financeiras. Se o parcelamento é sem juros, vale a pena deixar o dinheiro guardado rendendo.
6 - Falta de sonhos: não ter objetivo para o dinheiro. Sonho é uma palavra amigável para meta. Evita que o dinheiro seja gasto de forma irresponsável. O que pretende comprar ou fazer no futuro? Comece a guardar para isso em vez de “antecipar consumo”, pagando juros e correndo risco.
7 - Necessidade de status social: acreditar que consumir é importante para ser aceito socialmente faz com que as pessoas comprem sem ter condições. Ter produtos também não é sinônimo de felicidade. A solução é ter objetivos claros.