Com a vitória de Jair Bolsonaro, há expectativa que a bolsa de valores suba, que o dólar caia e que o juro básico, ao menos, não suba. A confirmação e intensidade disso dependerá dos próximos anúncios e do efetivo andamento das sinalizações econômicas do novo governo. Em especial, qual será o andamento que será dado às reformas consideradas essenciais para o ajuste das contas públicas.
Lembrando que o nome de Paulo Guedes foi trazido por Jair Bolsonaro na campanha exatamente para agradar ao mercado, o que inclui também empresários e não apenas agentes financeiros. Essa resposta enquanto ainda era candidato deixou o mercado sentindo que sua avaliação importava, começando a onda de simpatia e Bolsonaro tornando-se a alternativa possível à esquerda.
São questões que parecem longe do nosso bolso. Não são. Fica mais próximas ainda de quem investe algum dinheiro. Por isso, a coluna Acerto de Contas conversou sobre perspectivas de investimentos com algumas pessoas que trabalham diariamente com aplicações financeiras. Confira um resumo:
Assessor da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga:
Operando diariamente no mercado financeiro, Madruga aposta com força na bolsa de valores. Apesar das altas recentes na bolsa de valores de São Paulo, a B3, acredita que há espaço para nova valorização dos papéis. Argumenta que as ações ainda não têm "precificadas" as reformas.
- A reforma da previdência andar ainda em 2018 ajuda nessa nova era financeira. Por isso, as projeções são tão boas - complementa Bruno Madruga.
Inclusive, reforça a recomendação da XP Investimentos de compra de ações da Petrobras e do Banco do Brasil, ações que integram o chamado kit eleições. Veja detalhes: Do petróleo a shoppings, veja projeções para setores da economia com vitória de Bolsonaro
Sócio e responsável pela área de renda fixa da Quantitas, Rogério Braga:
Agora, a orientação para os mais conservadores e que investem no Tesouro Direto. Braga lembra que a valorização mais rápida e de curto prazo dos títulos públicos já ocorreu, considerando quem compra para vender pelo que o mercado paga. As taxas de juros dos papéis caíram e o mercado já "precificou" isso.
Mas, para quem compra para manter o título até o vencimento, os juros pagos ainda são interessantes. O Tesouro IPCA ainda tem ganhos até superiroes a 5%, o que é uma taxa muito boa.
- Ainda mais considerando que os juros no Brasil tendem a cair caso as reformas sejam realmente feitas pelo novo governo. As NTNs seguem boa opção - explica Rogério Braga.
Consultor financeiro André Massaro:
Já Massaro é bem mais cauteloso. Questionado sobre onde investir, ele disse: "neste exato momento, em lugar algum". A orientação do consultor é adotar uma postura defensiva, aguardando os próximos capítulos do novo governo, mas já ir se informando sobre a renda variável.
- Estamos na época de total incerteza. O ETF de ações brasileiras no Japão abriu com 13% de alta e hoje o mercado está perdendo fôlego. Ainda está muito especulativo - detalha André Massaro.
Como o texto de abertura da coluna, o consultor diz que, para a economia ter essa melhora esperada, é preciso que Bolsonaro cumpra o que falou e que o provável ministro da Economia, Paulo Guedes, coloque em prática o que vem anunciando.
Ocorrendo isso, empresas serão beneficiadas, o que tende valorizar investimentos na bolsa de valores. Ao mesmo tempo, a renda fixa perderia atratividade com a possibilidade de os juros caírem ou, ao menos, não subirem.
- Os primeiros 100 dias são essenciais e eu não me precipitaria nessa transição. Ficaria com investimentos em títulos públicos e títulos bancários (CDBs e LCIs) - finaliza.