Quem nunca pensou em fazer uma poupança para os filhos? Em geral, é um sonho de longo prazo, que permite aos pais e avós explorarem mais as aplicações financeiras do mercado e não ficarem restritos à caderneta propriamente dita.
Aliás, já pensou em dar de presente a independência financeira para os filhos? Seria juntar um montante de dinheiro que, investido, rendesse o suficiente para as contas básicas e os jovens pudessem decidir no que trabalhar sem preocuparem-se necessariamente com o sustento.
Com o analista de investimentos da Suno Research, Tiago Reis, a coluna elaborou orientações para guardar dinheiro para os filhos, tendo eles 1, 10 ou 20 anos. O especialista fala da importância do tempo para tomar melhores decisões e capitalizar a rentabilidade.
- O insumo mais importante para se ter resultados expressivos com investimentos não é uma inteligência absurda ou ter muito dinheiro desde o início da vida. O ingrediente principal é tempo. Para os pais com filhos, normalmente crianças ou jovens, tempo é algo que não falta.
Ponderação importante: comece a investir dinheiro só após estar com as contas em dia. Não adianta buscar rentabilidade em investimentos se está pagando juros de dívida atrasada. Dito isso, vamos lá:
1 ano - Começo do sonho
É quando pode-se dar ainda mais o luxo de pensar no logo prazo, "esquecendo" o dinheiro. Há o efeito multiplicador dos juros compostos, que é prejudicado quando são feitos resgates precipitados. Nos Estados Unidos, há o costume de, ao nascer uma criança, a família começar a poupar. Em especial, na renda variável, com a compra de ações de empresas. Reis sugere papéis de empresas consolidadas. Se o perfil do investidor for mais arrojado, o analista sugere 100% do investimento em renda variável. Um cuidado essencial é buscar produtos financeiros com taxas de administração baixas.
- Um fundo que cobra 2%, por exemplo, toma mais de 20% do patrimônio do investidor em 18 anos - alerta.
A carteira de ações sugerida não necessariamente será ser focada em dividendos, que é a distribuição de lucros da empresa para os acionistas. Reis sugere a busca por melhores oportunidades já que o momento de venda das ações poderá ser escolhido tranquilamente.
Para quem não está tão acostumado com a volatilidade do mercado, Reis sugere colocar uma parte do dinheiro em fundos imobiliários e opções de renda fixa. Mas sempre fugindo de taxas de administração superiores a 0,5%.
10 anos - Busca também por renda
O indicado é pensar em ativos que já gerem uma renda. Ou seja, que ofereçam uma rentabilidade que possa ser sacada para pagamento de despesas. O analista da Suno Research ainda sugere compra de ações de empresas. Em especial, para famílias que já estão maduras o suficiente para não se abalarem com a volatilidade do mercado financeiro.
- Um portfólio exclusivamente com ações ou dividido em ações e fundos imobiliários terá um rendimento notável em dez anos.
Um alerta importante é que, para investir em ações, a pessoa não pode precisar do dinheiro para viver. Isso porque a família pode ser forçada a vender as ações em um momento ruim, quando o preço não é o ideal. Pior ainda: se desfazer dos papéis em situações de crise e ainda ter prejuízo. Reis sugere focar em fundos imobiliários, que passam por menos flutuações no preço.
20 anos - Já guardava ou começa agora?
Há dois cenários aqui. Um deles é quem já vinha guardando dinheiro e outro, quem está começando agora. Com o jovem com 20 anos, é esperado que se queira já usufruir de alguma renda. Para a faculdade, por exemplo. Ações que pagam dividendos, aquela parcela do lucro que vai para os acionistas, geram uma renda extra sem precisar vender os papéis.
- Se a família está investindo desde que o filho nasceu, já sabe que variações de curto prazo pouco importam - afirma Reis.
Novamente, fundos imobiliários são sugestão. Reis diz que, apesar de terem um potencial de ganhos inferior ao das ações, pagam valores mensais.
Independente da idade, o Tesouro Direto segue uma opção interessante, apesar da redução dos juros. Ainda mais para os conservadores. Tem o chamado risco governo, que é semelhante ao da poupança. Ou seja, é o risco de o governo federal não pagar os investidores que compraram os papéis públicos. É considerado baixíssimo.
Quem quer investir no longo prazo, pode travar uma rentabilidade até a data de vencimento do título, que é conhecida na hora da compra do papel e vai de 2024 até 2050. Há ainda títulos do Tesouro Direto que pagam juros semestrais, o que é uma boa opção para quem precisa da rentabilidade do investimento para complementar a renda.
Ouça entrevista com Tiago Reis no último programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):