Uma leitora que prefere não se identificar mandou o seguinte relato com uma pergunta para a coluna Acerto de Contas:
"Estive casada por 41 anos e pedi o divórcio. Contratei advogado e agora recebi minha parte. São R$ 135 mil em investimentos bancários e bolsa de valores. Temos ainda uma casa que está à venda em Porto Alegre. Como é uma casa de valor alto, está muito difícil de vender. Onde devo investir este dinheiro? Sou aposentada por idade, tenho 63 anos e atualmente recebo R$ 2.032 do INSS. Meu ex-marido paga o aluguel do apartamento onde moro e o plano de saúde, fora o percentual das consultas que faço."
Planejadora financeira, Letícia Carmago responde:
"Primeiro é importante saber se sua renda do INSS é suficiente para seu sustento ou se será necessário usar uma parte dos investimentos como complemento. Sugiro, para isso, anotar receitas e despesas em uma planilha, aplicativo ou caderno.
Além disso, não ficou claro qual será o seu objetivo para este dinheiro investido, se de curto, médio ou longo prazo. Para propor uma carteira de investimentos, é necessário entender o perfil de investidora, se é conservador, moderado ou agressivo.
Se for precisar deste dinheiro como complemento de renda ou para o curto prazo, o ideal é deixá-lo investido em produtos conservadores, que têm pouco risco. E ainda, que tenham boa liquidez, ou seja, que podem ser resgatados a qualquer momento sem uma grande perda de valor. Exemplos desses produtos são os Fundos de Investimento DI, CDB's DI de bancos com boa qualidade de crédito e Tesouro SELIC.
De qualquer forma, é importante primeiro deixar investido nesses produtos conservadores um montante entre 6 a 12 vezes seus gastos mensais. É uma reserva de emergência que deve ser constituída por esses mesmos produtos conservadores citados acima.
Se o dinheiro for para médio ou longo prazo, você poderá correr um pouco mais de risco, dependendo é claro do seu perfil. Se não for muito conservador, poderão ser analisados fundos atrelados à inflação ou os títulos Tesouro IPCA. Pode também incluir na carteira os fundos multimercados e até fundos de ações ou ações compradas diretamente na bolsa de valores. Aliás, só indico comprar ou manter as ações caso tenha conhecimento e tempo para estudar a fundo as empresas em que vai investir. Caso contrário, o ideal é terceirizar este trabalho para um gestor profissional por meio de fundos de ações.
Quanto ao Imposto de Renda, ressalto que os investimentos tradicionais, fora a previdência pela tabela progressiva, são tributados de forma separada dos benefícios do INSS. Então, os ganhos das aplicações não irão aumentar o imposto já pago na aposentadoria.
Uma outra questão importante é que só há imposto se o investimento tiver rentabilidade positiva. O tributo nunca será maior do que o rendimento, não existindo a possibilidade de resgatar um valor menor do que aplicou somente por causa dos impostos. É verdade que isso pode acontecer por causa do risco de mercado, que é a variação dos preços dos ativos em que o dinheiro for investido. No entanto, nunca pelo imposto, que é calculado em cima do ganho.
Várias questões importantes precisam ser respondidas para indicar os investimentos mais adequados ao seu perfil, objetivos e situação atual de vida. Não existe o melhor produto financeiro e sim o mais indicado para cada um e isso é bem personalizado."